Alerta de
Spoilers!
Quando a quarta temporada de True Blood terminou, a decisão
unanime entre os que acompanham a série é que falta um pouco de organização.
Todas as tramas acabam desviando o foco principal, as vezes sutilmente e as
vezes drasticamente.
A quantidade de personagens principais na série é enorme, e
a quantidade de tramas paralelas acompanha o ritmo de desorganização. Coisas
que começam interessantes como a trama de Arlene e Terry na temporada passada e
acabam ganhando rumos entediantes que não justificam a existência desses
acontecimentos.
Infelizmente a história parece se repetir nesse quinto ano.
Vou dizer que começou melhor que a quarta temporada, mas ainda existem pequenos
detalhes que eu riscaria. Minha primeira reclamação é com o apego da série para
com seus personagens, Terry, Arlene, Jason, Jessica, Hoyt, Tara, Sookie, Pam,
Eric, Bill, Laffaeyte, Sam, Luna, é até difícil se localizar sem esquecer de
nenhum deles.
Se True Blood fosse uma série com vinte e dois episódios, a
quantidade de personagens já seria grande, tendo em vista que séries que
duraram dez anos no ar como Smallville, só tiveram algumas poucas adesões em
suas temporadas. True Blood tem apenas doze episódios em sua temporada completa
e muitos arcos para finalizar, o que na minha opinião acaba limando muito do
tempo que poderia ser utilizado para desenvolver a trama central
satisfatóriamente.
Nessa temporada temos a adesão de novos personagens, Tara
infelizmente não morreu, pior, virou vampira. Uma personagem que começou como
um alivio cômico e apenas a amiga da personagem principal, acabou ganhando uma
dimensão muito grande. Maior do que esperávamos e muito mais do que queríamos. Sinceramente
eu não vejo muita promessa nessa ideia de ter Tara como vampira, e esse receio
vem do próprio histórico da série de se perder no meio de tantas tramas
paralelas.
Felizmente, as coisas parecem ter diminuído. Ainda estou
infeliz com a trama de Arlene e Terry, por mim seria ótimo ver os dois levando
a vida de casados e só. Tendo algumas cenas de Arlene tendo que criar seus já
crescidos filhos e o recém nascido baby Renee. Essa inclusão de um novo
personagem e uma trama paralela para os dois é tão insonso que eu não consigo
ver uma ligação com a trama principal e também não consigo me interessar por
ela. Terry sempre demonstrou ter problemas oriundos do seu período na guerra,
mas mesmo assim eu nunca quis saber o motivo e sempre estive satisfeito em
apenas saber que existia um problema.
Com uma ameaça tão grande quanto a autoridade vampira e
Russel a solta eu esperava um pouco mais de enfoque nos personagens que
realmente importam.
Já vimos que o lance da autoridade é se basear na bíblia dos
vampiros que diz que Deus criou os vampiros primeiro, descendentes de Lilith e
que os humanos existem apenas para servir de alimento, um dos motivos
principais para que a autoridade deseje tão afinco uma relação boa com a super
populosa quantidade de comida que eles precisam administrar e o risco que
Russel apresenta para esse desejo. Eu fiquei feliz com a abordagem da
autoridade, gostei muito de ver as várias facetas de seus lideres, mas ainda
estou deslocado e acho que só veremos a real importância desses vampiros lá no
final da série.
Russel está de volta e no final do segundo episódio vemos
que ele já está se regenerando. Agora eu pergunto, se a casa em que Sookie mora ainda é
de Eric e nenhum vampiro precisa de convite para entrar, o que deu na cabeça
loira da telepata de instalar um sistema de segurança capenga que não conseguiu
paralisar nem mesmo uma vampira de um dia de idade? Sabe, essas baboseiras me
estressam profundamente, a série se desvia de tudo o que já nos apresentou.
Sookie sendo domada por Tara, mesmo já mostrando que tem
algum domínio sobre seus poderes de fada. Fadas que nem ao menos apareceram
depois do fiasco que foi a premiere da quarta temporada. São muitas tramas
jogadas ao vento e que acabam dando em nada e vale comentar que esse pode ser o
último ano de Alan Ball no controle da série.
A primeira e segunda temporadas foram ótimas, mas também
marcam o que era bom na série, o desenvolvimento dos personagens principais.
Quando as coisas perderam o rumo? Pra mim, foi quando a quantidade de
personagens cresceu além do controle dos roteiristas. Pelo menos, nesse ano as
tramas parecem ter se focado mais em Bon Temps.
Comentários avulsos para um inicio meio chatinho. Steve
Newlin é vampiro e como já esperávamos, gay. Quer o Jason de qualquer forma e é
a terceira roda mais inesperada para o casal JJ. Eu achei legal a inclusão de
um velho personagem, mas não achei legal a inclusão de outro.
A série é uma grande promessa. Uma promessa de que vão
conseguir domar tantas tramas e nos entregar uma temporada coesa, sem que os
assuntos sejam resolvidos em dois minutos como foi o caso do fantasma do ano
anterior que só queria seu bebê de volta. Uma promessa que afundou enquanto
estava interessante.
Só quero que as coisas se concentrem onde devem ficar, Bill,
Eric e um pouco da Sookie. Tudo ainda é uma cortina de fumaça muito grande, não
dá pra saber o que esperar, não consigo visualizar um futuro para os lobos e
sua matilha desmantelada, não consigo ver uma utilidade para Alcide que não
seja correr atrás da Sookie e mostrar o corpo por alguns segundos. Espero que a
série consiga nos envolver mais do que nos entediar.