A ABC Family pode até ser conhecida como uma
emissora familar, mas duvido muito que um canal que mostra uma série onde
várias adolescentes ficam grávidas o tempo inteiro seja levado a sério como
familiar. Até mesmo o grande mistério de Pirulito Liars, que se resume à um
assassinato, tem que passar por uma discussão se dentes encontrados em uma
pulseira são humanos ou animais.
A verdade é que a ABC Family se jogou no meio
da família com Switched at Birth, Melissa and Joey e Jane By Design. Ninguém
seria melhor para trazer de volta esse sentimento familiar do que a criadora da
minha série preferida, atemporal, Gilmore Girls, Amy Sherman Palladino.
Obviamente conferi o Piloto por causa dessa
mulher. Sabia que se eu assistisse, não conseguiria parar de comparar a nova
série à Gilmore Girls e além de tudo, ver todas as semelhanças que iriam
existir (claramente) entre as duas. Amy Sherman é uma vadia que não evolui, mas
felizmente, a louca consegue fazer a coisa se tornar bem especial, da mesma
forma que aconteceu com Gilmore Girls e ainda conseguiu trazer um toque moderno
na nova produção, tirando aquele tijolo de stereo que Fanny tem.
Michelle (Sutton Foster), uma dançarina em Las
Vegas se casa com um cara bem mais velho e pra piorar, a safada nem gosta dele.
Ele só precisava falar aquelas palavrinhas mágicas na hora certa e ainda
comentar sobre a vista lindíssima que seu quarto tem, na cidade litorânea
Paradise. Claro que Michelle sofrerá muito nas mãos da sogra, Fanny Flowers,
que como ela, é uma dançarina também e tem uma academia de dança na
cidadezinha.
Para dizer a verdade, achei o plot inicial um
tanto quanto absurdo. Entendo que é Las Vegas e todo mundo se casa no
drive-thru, mas gente, Michelle não passa por nenhum momento de hesitação
depois de perceber que estava em uma furada. Mas novamente, Hubbell sabia exatamente
o que falar (e o que fazer né) para manté-la por perto.
A personagem principal, Michelle, lembra
bastante Lorelai Gilmore. Claro que é uma Lorelai mais apelativa, menos
engraçada e bem menos bonita. Acho, porém, que ela consegue segurar a série
sozinha, caso o negócio comece a ficar muito ruim. Ah, me esqueci de comentar
que Kelly Bishop, a Emily Gilmore também está na série e provavelmente será uma
nova mãe para Michelle, principalmente depois daquele momento bem sentimental e
verdadeiro que as duas tiveram antes do grande cliffhanger do episódio.
Quando vi, achei que, Amy Sherman tinha pegado
pesado logo no Piloto. Não tem como a série sobreviver sem Hubbell, que mesmo
sendo bem estranho, é agradável e acabaria fazendo Michelle se apaixonar
novamente. Daí me lembrei daquelas cinco ou quatro meninas do Ballet e pensei:
é, vai ser uma série sobre adolescente mesmo.
Claramente vão dar MUITA atenção às personagens
infantis do negócio, quando na verdade, deveriam se importar mais com os
adultos. O trabalho feito pelos roteiristas no Piloto é falho nesse sentido,
uma vez que não apresenta bem as pequenas e com a morte de Hubbell, não teria
nenhum motivo, além de Fanny, para Michelle ficar em Paradise.
Hubbell claramente foi só o empecilho para
juntar Michelle e Fanny. O problema é que não vejo reais ou fortes motivos para
ela ficar. Sei que em Las Vegas ela não tem futuro, mas pelo menos é Las Vegas
e lá existe uma coisa que eu gosto de chamar de CONTATOS. Em Paradise, Michelle
só vai conseguir contatar a menina gorda e olha lá.
Os diálogos rápidos e cheios de referências pop
vão acontecer loucamente durante toda a série. Isso era uma marca registrada de
Gilmore Girls. Duas protagonistas fortes e marcantes também. Mas será que dar
MUITA voz para o núcleo adolescente vai levar a série à ruína ou só vai
contribuir para aumentar o nível de fofura?
P.S: Para os fãs de Gilmore Girls, os
‘lalalala’ estão de volta! Modernizados, mas de volta!
P.S: As meninas ficaram tão esquecidas no
episódio que até agora nem me lembro do nome da menina gorda com problemas de
autoestima, mas que sabe muito bem fazer estilo livre.