Once Upon a Time, na reta final e apelando para o susto
Fazia tempo que um episódio dedicado a desprender tempo para
Snow White não me cativava tanto. Foi um grande susto e confesso estar
completamente agradecido por esse ‘Bleeding Through’, que foi além do esperado
e entregou um verdadeiro desenvolvimento para uma personagem que até então,
estava muito linear e mal aproveitada.
Começando pela interação entre Regina e Zelena, preciso ser
honesto, não quero que a bruxa verde seja riscada da série tão cedo, gosto
desse jeito debochado que ela tem e mais ainda das falas que ela e Regina
dividem em cena. “Isso não é seu” e “história da minha vida” são a prova de que
as faíscas e os momentos cômicos entre duas personagens tão fortes só enriquecem
a trama. De fato, Once Upon a Time estava carente de um vilão carismático.
Peter Pan era azedo demais para passar algum sentimento que não fosse raiva, e
não uma raiva pelas maldades, mas sim uma raiva pela inanidade de um personagem
tão marcante (nos clássicos).
Adorei a sacada das maçãs verdes entre as irmãs. Se tem uma
coisa que Once Upon a Time sabe fazer bem é dar a devida atenção a esses
pequenos detalhes. Coisas sutis como o nome marcado na tampa do baú da Zelena
“West” a posicionando como a bruxa má do oeste, ou o fato dos números serem
novamente uma clara homenagem a Lost melhoram muito o episódio. É nos detalhes
que nossa experiência se aprofunda. Podemos viver sem, mas com eles é tudo bem
mais divertido. Zelena já está tão consumida, que acredita fielmente que inveja
e ambição sejam a mesma coisa, Regina fez bem ao pontuar que não. O diálogo
entre ambas foi tão coisa de irmãs que eu nem me importo mais com essa árvore
genealógica muito louca que a série tem.
Outro ponto a ser mencionado e comemorado, Snow White
finalmente teve aquele momento especial para ser desenvolvida e aproveitada.
Fazia muito, mas muito tempo mesmo que não dedicavam um momento para que a
personagem passasse de apenas uma Uncharming para alguém com um propósito. Ela
e Regina precisavam encontrar um meio termo para suas brigas intermináveis.
Mesmo sendo sempre muito inteligente e sagaz, Regina prezou por se portar como
uma moça revoltada graças as cicatrizes emocionais que sua mãe, Cora, deixou. Ouvir
ela dizendo que sabia quem a mãe era e
de certa forma entendia o que Snow tinha feito foi o ponto final nessa história
que começou lá no episódio ‘Stable Boy’, da primeira temporada. Ou seja, Snow
não foi uma inútil, pode abrir o champanhe e chamar os amigos para comemorar,
essa temporada 3B está excelente.
Durante muito tempo eu acabei me esquecendo do quão
interessante Regina e Snow (como dupla) são e o tanto que elas podem oferecer
para a série. Tudo isso por que os redatores decidiram esquecer o
desenvolvimento dela e estacionaram naquela Snow sem sal, aguada e cheia de
moralismo chato. É meus caros, esse episódio foi responsável por fazer algo que
eu nunca pensei ser possível, mostrou para Snow White que bem e mal não são
aquelas imagens que ela tinha na cabeça, todo mundo tem um pouco de trevas
dentro de si, coisa que ela já deveria ter aprendido após descobrir que em seu
coração existem pontos negros. Mas nem vou entrar nesse assunto por que seria
assumir que a série abandonou esse plot e nunca mais tocou nele. Quero piamente
acreditar que esse foi o fechamento que ela merecia.
Sempre gostei muito da Rose McGowan, mas minha santa fada
azul, por que tão má na atuação assim? Foi deprimente e praticamente um momento
vergonha alheia para todas as cenas em que ela tentou (porcamente) passar algum
sentimento relevante. É uma pena que tenhamos Cora interpretada por Barbara
Hershey como adulta, sempre dando um show a parte e Rose, como jovem Cora dando
um show de vergonha. Acho que prezaram pelo fato de uma semelhança física e se
esqueceram de encontrar uma atriz que pudesse ser equiparada artisticamente.
Mas entrando no flashback alvo do episódio, que foi como
Cora acabou tendo Zelena, o que quebra a teoria de que Rumpels era seu pai. O
que resta entre esses dois é só a extensão da inveja da bruxa, que quer de
qualquer forma possuir tudo aquilo que a irmã um dia teve, incluindo o mestre
de magia. Apesar do desejo dela por Rumpels ser por outro tipo de feitiço, se é
que vocês me entendem.
Cora sempre foi oportunista, sempre quis subir socialmente.
Até então, tudo bem, sonhar é permitido e ter ambição (ambição de verdade viu
Zelena) não é um pecado. Gostei da forma com que trabalharam suas mágoas e
medos nesse episódio. Eu senti sim um pouco de pena da personagem, ela não
merecia ser enganada, mas deveria ter desconfiado do tal príncipe encantado. Já
o romance entre ela e o pai da Snow foi um tanto esquisito, bagunça um pouco o
meu entendimento dos acontecimentos cronológicos da série. Não me lembro em
momento nenhum da Cora e do Leopold terem divido algo que denotasse o
relacionamento que eles tiveram. O cara ficar noivo da mãe da sua futura esposa
é um detalhe bem importante para deixar passar batido. Se eu estiver
simplesmente esquecendo de algo que aconteceu, me informem nos comentários por
que essa dúvida está me corroendo.
Outro personagem que me deu pena foi Rumpels. Uma coisa é
você escravizar o cara, outra é brincar com suas expectativas em ter o filho de
volta. Uma pior ainda é brincar com nós telespectadores dando a entender que
Baelfire pode retornar as nossas vidas futuramente. Ainda bem que seu
comportamento hostil durante o amasso fez Zelena ficar verde de novo e o riscar
dos seus planos. Respirei aliviado.
Enquanto isso, na lanchonete da Vovó (como eu adoro traduzir
os nomes dessa série), Emma estava estranhamente animada com seus dons em magia
e levando um verdadeiro banho de água fria do Hook. A Salvadora está tão
concentrada em seus avanços mágicos que se mostrou incapaz de tentar descobrir
o que o bonitão sente de verdade. Vamos falar abertamente, Hook não é o centro
do universo de Emma, pelo menos não por enquanto. Se fosse considera-lo um
planeta no sistema solar Emma Swan, eu diria que ele é Saturno, cheio de anéis,
bonito e lustroso, mas ainda distante. O destaque desse episódio não foi para
esse casal. Em breve os dois terão que decidir onde se encontram
sentimentalmente e é aí que a maldição da Zelena entrará em cheque.
Bleeding Through foi mais um acerto da série. Um episódio
que dosou bem a comédia e o desenvolvimento da história e personagens sem
parecer sobrecarregado. O caminho de Regina é crível e aceitável e o beijo no
final foi só a confirmação de tudo o que ela precisou passar e aprender até
agora. Aceitar o amor e aceitar para si, que se desligar dos prejuízos que sua
mãe a forçou marca o crescimento de uma personagem, que foi tão bem pontuada.
Mérito de roteiristas e da atriz, que conseguiram dar uma identidade para a
Rainha Má, desenvolver a Regina por trás dessa faceta e ainda coerentemente dar
substância para a história sem se afundar em clichês. Sinto muito orgulho da
série por esses momentos.
Ps. Todo mundo já sabe que o Robin tem uma tatuagem e que
ela não veio em um chiclete ploc. Agora a série já pode parar de centralizar a
“Benedita” todas as vezes que o bandido aparecer.
Ps². Vestidão azul para grávidas – R$200,00. Casaquinho –
R$250,00. Corte de cabelo e penteado para esconder a orelha – R$150,00. Passar
um episódio inteiro sem querer socar a Snow, não tem preço. Para todas as
outras existe cartão Feno de Ouro.
Ps³. Na vida, desconfie do homem bonitão que jura ser
príncipe, ele pode ter o nome sujo e ainda te engravidar.
Ps4. Leopoldo? Eva? Vocês esperavam o que de uma mulher
chamada NEVE? Snow devia radicalizar tudo e dar ao filho(a) o nome de um objeto
inanimado. Poste se for menino, Cerca se for menina. Em ambos os casos, com
pouca utilidade.
Ps5. Um episódio meio terror, graças aos gigantescos e
assustadores lábios de Rose McGowan.
Ps6. Zelena, da onde vieram tantos poderes? Do ódio por ter
sido abandonada?
Ps7. Cora abaixou, fez uma fogueira e ZÁS, Leopold estava
conquistado e amarrado.
Ps8. Eu sei que a Regina fez algum feitiço que a impede de
ser controlada, mas sério mesmo que ela é capaz de amar mesmo sem coração? Ou o
amor vive na alma? Ou é tudo fogo mesmo?