Personagem
vai e vem, drama é reciclado, pacientes são memoráveis, mas tudo isso não
aconteceria se uma série não tivesse uma leva especial de duas personagens, que
desde o início, se mostraram a peça fundamental para o grande sucesso que a
série tem: Meredith e Cristina. Meredith pertence a Cristina e Cristina
pertence a Meredith. Simples assim. Há muitos outros personagens muito bons,
mas a série sempre foi sobre as duas. Prestar uma homenagem à amizade dessas
mulheres e mostrar um paralelo com o que elas estão vivendo, que é praticamente
a mesma coisa, só que em cidades diferentes, fez deste episódio o mais
excepcional da temporada até agora.
Memorável
é a descrição perfeita da experiência em ter assistido esse episódio. Não há
duvidas de que ao centrarem toda a narrativa em simplesmente duas personagens o
episódio ficaria mais ‘leve’ e não deu espaço para outros personagens
brilharem, mas qual é o problema? Afinal, não poderiam ter escolhido melhores personagens
do que Meredith e Cristina para o episódio. A série pode ser velha e já fez
muita desgraça com a vida destes médicos, mas ainda é capaz de nos emocionar e
nos envolver com histórias as histórias de personagens que amamos tanto.
Tanto
Cristina quanto Meredith brilharam no episódio. Meredith, para começar, teve
que lidar com um caso que tinha tudo a ver com a morte de Lexie. Fiquei chocado
com o povo que demorou um bom tempo para ajudar a mulher embaixo do carro no
começo do episódio, mas mesmo assim, Meredith insistiu e conseguiu salvá-la. Se
fosse a antiga Meredith, tinha certeza que veria alguma decisão sendo feita só
para salvá-la, que não fosse uma decisão extremamente calculada para o bem da
paciente.
Meredith
cresceu, evoluiu de uma maneira que hoje é possível sentir orgulho da
personagem. Esse episódio veio mostrar que sim, ela sentiu e muito a morte da
irmã, mas que por sua evolução consegue lidar com isso de outra maneira. Os
trinta segundos de dança foram muito fofos de ver. E o brilho no olhar dos
internos, fez com que pela primeira vez eu sentisse simpatia por eles. Meredith
profissionalmente virou uma força da natureza, segunda vitória importante em
pouco tempo. Então é muito amor e orgulho ver nossa antiga interna, que já fez
tanta merda, sendo essa médica poderosa que lidera a OR, não desiste, inspira
quem está em volta. Acho que tudo o que passou foi apenas o caminho até
chegarmos a este momento, de ver nossos queridos alcançarem o sucesso.
Da
mesma forma, Cristina precisou sair de Seattle para achar um mestre e amigo à
altura. É provável que a amizade dela com Dr. Thomas foi a coisa mais linda e
coerente que a série já fez em muito tempo. No início da temporada não
imaginava que eu iria amar tanto essa amizade. Os dois tornaram-se muito mais
do que amigos – tornaram-se irmãos, em um nível de canalhice por causa da idade
de Thomas, mas um respeito exemplar por parte de ambos, com Cristina sendo
humilde e percebendo o tanto que tinha para aprender com seu novo amigo.
A
personagem sempre foi o maior destaque da série, conseguindo facilmente passar
da comédia ao drama em um piscar de olhos, como uma profissional. Sua superação
pessoal e profissional que ela fez enquanto estava em Minnesota foi excelente.
Sua amizade com Thomas foi necessária, mas, além disso, foi uma das mais belas
narrativas de toda a série. Não há como não emocionar com o discurso dele,
momentos antes da morte e também no final do episódio. Ela precisava de Dr.
Thomas, seja para se tornar uma melhor cirurgã ou para conseguir superar seu
medo em relação ao acidente. Dr. Thomas a treinou e em breve, Cristina achará
alguém para fazer o mesmo.
Um
episódio magistral de Grey’s para começar o mês de novembro com o pé direito,
afinal, depois de 9 anos de exibição e ainda conseguir entregar um episódio tão
belo, quer dizer que estamos diante de uma série que ficará para sempre em
nossa memória.