[Reviews] Dexter - 7.12: Surprise, Motherfucker!

Dexter é uma série que já desacreditada por muitos, mas essa temporada, apesar dos tropeços, serviu para reconquistar os fãs e nos fazer acreditar que a 8º temporada pode ser surpreendente, ainda mais quando sabemos que será a temporada final.

Contém Spoilers!

Havia uma expectativa mediana a respeito dessa Season Finalle, mas o vídeo promocional colocou todos nós em polvorosa, e talvez esse tenha sido o grande problema, pois somado com o fato de que sempre temos Seasons Finalles agitadas, estávamos esperando algo que envolvesse mais ação, e talvez menos drama. Mas a verdade é que a temporada em si foi sobre dramas e redescobertas, e o episódio final não poderia ser diferente.

Hannah, que poderia ser uma carta descartada do baralho, ou ser a carta que faria toda a diferença no jogo, foi mostrada como apenas uma promessa para a próxima temporada. No começo eu não me simpatizei com a personagem, mas confesso que desde o episodio passado, e principalmente nesse, as nuances da personagem, e o amor que ela desenvolveu por Dexter me conquistaram, e vê-la confessar a Dexter que sentiu que Deb era uma ameaça para a vida feliz dos dois foi um soco no meu estomago (eu esperava que fosse uma armação de Deb), mas que no fim das contas serviu para um paralelo futuro que pode fazer toda a diferença na vida de Dexter, Hannah e Debra. A fuga dela, apesar de ter sido muito fácil, foi feita através de ferramentas condizentes com a personagem (veneno), e serviu para deixar o arco em aberto. A orquídea deixada na porta do apartamento de Dexter foi um lembre a ele de que ela ainda gosta dele.

E se Hannah se mostrou experta, Dexter mostrou que não estava para brincadeiras nesse episódio, e não teve o mínimo remorso em desacreditar Laguerta diante de toda Miami Metro, e fazer a carreira da Capitã ir por ralo abaixo. A tensão das cenas envolvendo a prisão e o interrogatório foi quase insuportável, mas ainda sim acho que essas seqüências deixaram um pouco a desejar, pois esse era um momento que todos nós esperamos durante 7 temporadas, e foi tudo muito simples, tudo muito fácil. Acho que os roteiristas poderiam ter caprichado um pouco mais.

Os flash backs de Dexter com Doakes serviram para deixar a coisa mais tensa ainda, eu não me lembrava do quanto a personalidade do falecido detetive era forte, e esses momentos inéditos serviram para nos lembrar como ele realmente sentia algo estranho a respeito de Dexter, e principalmente, serviram para mostrar a Dexter como agir nesse momento onde sua atuação sobre ter uma vida normal não estava sendo suficiente para manter seu dark passenger em segredo. Com certeza participação mais que especial do ator Erik King, que parece que saiu direto do túnel do tempo para gravar essas novas cenas, nem uma ruga se quer é notada no ator. Tudo bem que a maquiagem e a produção ajudam, mas ainda assim é incrível!

E nesse meio tempo, Laguerta não de deu por vencida, e o trunfo que ela esperava tinha chegado por correio há muito tempo. Me lembro ate hoje, quando assisti o primeiro episodio, que pensei que Debra comprando o combustível ainda daria merda, e o vídeo dela no posto de gasolina quase colocou tudo a perder. Nessa cena é interessante notar o cinismo de Laguerta, característica intrínseca da personagem, e o despreparo de Deb quando ela foi confrontada com a verdade. Chega a ser gritante a diferença entre a postura de Deb e Dexter ao serem interrogados, e a Tenente quase se perde e se confunde quando é colocada contra a parede.

A conversa entre Deb e Dex no carro, momentos antes do clímax do episodio, foi como um aviso para nós de que já não tinha mais volta, Deb e Dex já estavam com lama ate o pescoço, e que era tudo ou nada a partir daquele momento. A sobriedade, a frieza e o desespero de cada palavra de Debra nos mostrou que ela não estava pronta para lidar com tudo aquilo, e que o amor do irmão era a única coisa que ainda a movia e a fazia querer continuar.

Dexter, com ajuda de Doakes, percebeu que para sobreviver, teria que ser o monstro que Laguerta esperava que ela fosse. A decisão de matar a Capitã fugiu do código sim, mas a lição aprendida por Dexter com o assassino da sua mãe fez sua consciência mais tranqüila. No fim das contas, o que importa é a sobrevivência do mais forte, e Hector e Laguerta criaram seu próprio algoz, e eles não deram conta do monstro que os perseguia.

A cena final foi crua e visceral: um cadáver, Dexter, Laguerta e Debra. Cada um com sua verdade, e com uma decisão a ser tomada. Dexter decidiu colocar seu destino nas mãos da Irmã, pois acredito que no fim das contas ele já esteja cansado, e também não queria que Deb se comprometesse ainda mais. Laguerta tentou ate o ultimo momento convencer Debra a fazer a coisa certa, mas o que nós já sabíamos, e a Capitã não, é que Debra não tinha mais nada a perder, a não ser sua única família, seu irmão, seu amor.

Muitos fãs estão revoltados e inconsoláveis com o fato de Debra ter escolhido matar Laguerta, mas a verdade é que essa Deb não é a mesma pessoa que conhecíamos, pois ao longo da temporada, ela foi mudando e se transformando na cúmplice do BHB. A corruptibilidade do ser humano é definitivamente a maior fraqueza do homem, e com Deb não foi diferente, ela se deixou levar pelo egoísmo de não querer perder seu irmão, e deu no que deu. Achei essa atitude da personagem consistente com as mudanças pelas quais ela passou durante toda a temporada, e chego a pensar que a coisa mais interessante de se ver nos últimos 12 episodios foi justamente a evolução de Deb, e a excelente atuação de Jennifer Carpenter. Se ela não for indicada para algum premio por sua atuação nessa temporada, saberemos definitivamente não há justiça no mundo.

A temporada terminou em um momento muito simbólico, e com acontecimentos muito importantes para todos os personagens principais. Definitivamente começa um ano novo para Dexter e Debra, e para nós fãs esse episódio foi o começo do fim. Muitas teorias já estão rolando na web sobre a 8º temporada, mas só saberemos mesmo o que acontecerá quando a série retornar para seus capítulos finais. Atualmente essas 7 temporadas deixaram Dexter na metade do caminho rumo ao Olimpo das Séries (Juntamente com Six Feet Under, Lost, e muitas outras), tudo o que precisamos agora é que os roteiristas se emprenhem e nos presenteiem com plots consistentes e um desfecho memorável para um dos personagens mais bem desenvolvidos até hoje.

Agradeço a todos que me acompanharam durante essa temporada. Feliz Natal! Feliz Ano Novo! Nos vemos ano que vem, Motherfuckers!