Todo ano é a
mesma coisa: todas as emissoras procuram projetos que venham fazer o grande
sucesso que Lost fez na televisão americana e internacional. Sempre lidera
aquelas séries com temáticas de ficção científica, suspense e um grande
‘evento’, como foi, por exemplo, a finada “The Event” e “Alcatraz”, também do
mesmo criador de Lost, J.J. Abrams.
Sempre quando
aparece uma série com a marca de J.J.Abrams, todo mundo já fica com o pé atrás,
afinal ele acabou com ‘Lost’, não entregou o que prometeu em ‘Alcatraz’, não
entregou o que prometeu (financeiramente) com ‘Fringe’ e não saiu do óbvio com
‘Person of Interest’. Porém, J.J Abrams foi o criador de ‘Felicity’, que mesmo
possuindo seus baixos, é altamente aclamada, assim como sua verdadeira obra
prima, ‘Alias’. Muita gente, ao ver o nome de Abrams nos créditos de produção
de qualquer nova série, considera a série logo uma grande revelação ou uma
grande bosta.
Entretanto, em
Revolution, a coisa é diferente: Abrams atua como produtor executivo, mas quem
criou mesmo a série foi Eric Kripke, o criador de ‘Supernatural’. Vale
ressaltar que ‘Supernatural’ foi uma ótima série durante os cinco anos em que
Kripke esteve como o manda chuva. Não dá, porém, para identificar nenhuma
característica da obra de Eric em Revolution, o que nos leva a crer que J.J
Abrams deve ter tomado conta da parte criativa da série também.
‘Revolution’
possui uma premissa promissora: por algum motivo não explicado, todas as formas
de energia param de funcionar na terra, gerando um apagão instantâneo. Aviões,
carros, laptops, celulares... Nada funciona. Logo somos apresentados à família
Matheson, cujo patriarca obviamente está por trás dos acontecimentos ou pelo
menos sabe de onde veio e também Sebastian “Bass” Monroe, que também está por
trás do grande evento.
A série tentar segura
o telespectador até o final do episódio, mas não consegue se tornar
interessante em momento algum – não querem que saibamos de nada. Em tese,
liberar todos os desfechos, ou pelo menos alguns plots logo no começo
geralmente não é uma boa ideia, mas em uma série que confia somente em sua
premissa, não dá para não achar tudo isso uma grande furada.
Infelizmente, o
Piloto não serve como piloto. É praticamente a caminhada de três pessoas para
chegar a Chicago e serem surpreendidos pelo pai da Bella Swan, de Crepúsculo,
que, PASMEM, é o principal da série. Vou dar um desconto para o personagem, que
realmente aparenta não saber de nada, mas o patriarca da família, que morre
logo no começo do episódio, sabia exatamente o que tinha acontecido e passou os
últimos quinze anos sem tentar arrumar essa grande bagunça. Provavelmente ele não
ia conseguir nada, mas custava tentar?
Da mesma forma,
a filha do patriarca, Charlie, é outro problema. Totalmente sem carisma e com
muitas limitações como atriz, Tracy Spiridakos simplesmente não convece como leading lady. Em uma série apocalíptica,
os protagonistas SEMPRE precisam convencer, de alguma maneira. O resto do
elenco também não impressiona, porque todos são exatamente o que você veria em
séries como essas – tem sempre o traidor que tem uma queda pelo outro lado, um
nerd, uma tentando bancar a mãe, o burro, etc.
No fim,
Revolution apresenta um piloto fraquíssimo, com nenhum desenvolvimento, algo
como o que o piloto de ‘Terra Nova’ fez ano passado. Igual Terra Nova,
Revolution tem uma premissa que provavelmente conquistará muita gente, mas falhará
na condução do restante da série. Eventualmente, a série deve encontrar uma
forma de ligar as arestas e apresentar episódios bons e harmonizados. Basta
desenvolverem os plots de maneira satisfatória, sem ficarem escondendo as
revelações até o final. É um tiro no escuro, mas pode acontecer.