Em uma temporada praticamente impecável, The
Originals prepara o terreno para sua primeira season finale, aquela que
demonstrará se a série merece ou não o título de uma das melhores estreias da
CW, nessa última fall season, que foi tão aguada. TO construiu sua trama com um
ritmo bem desenvolvido e tramas interessantes, apesar de ter acelerado muito,
ela provou ser capaz de não perder o rumo. Afinal, quando a velocidade está
muito alta, qualquer derrapada pode ser fatal. E esse episódio só salienta todo
esse controle.
Quando revejo o panorama geral da primeira
temporada de TO, observo que tudo o que a série propôs ela conseguiu entregar
sem muitas falhas. Obviamente, sua trama se beneficiou dos erros de The Vampire
Diaries em seu ano de estreia e conseguiu nos entregar exatamente tudo o que
nos conquistou na sua série mãe. Não obstante, existiram falhas e prevejo que a
série vai acabar precisando de muito mais se quiser manter sua qualidade.
O
que tivemos nesses últimos três episódios exemplificou que a força de TO está
em suas tramas ligeiras e bem compassadas. Porém, para que o produto seja
alcançado, muitas vezes o desenvolvimento de personagens foi sacrificado. Klaus
foi incessantemente jogado de vilão para anti-herói, repetindo em uma espécie
de purgatório de personalidade a mesma faceta que vimos em TVD. Infelizmente
não vejo uma alteração nesse quesito. Klaus ainda passa pelos mesmos problemas
que o desenvolvimento de Rebekah na série, não avançar e sempre repetir a mesma
sequência, que envolve erro, lição e redenção. Ciclicamente o personagem não
passa disso, mas é preciso ir além.
E de tudo isso o que eu tiro é o seguinte, nunca
confie em uma redenção. Ninguém, quer seja em TVD ou em The Originals, soube
lidar com o personagem de uma forma diferente. Sempre estaremos reféns de um
Klaus que passa por momentos, apenas nuances de mudança. No final ele acaba se
tornando exatamente quem nós sabemos que ele é. Isso é ruim? Em partes. Klaus
vai precisar mudar, o personagem precisa crescer. Não espero um “da água para o
vinho” logo na temporada de estreia, mas sacrificar as lições que o personagem
aprende, as linhas que ele cruza (ou não) para chegar a seus objetivos, em prol
de um fator loucura, uma hora vai cansar.
Por exemplo, as mudanças que ele passou até
chegarmos nesse penúltimo episódio foram completamente desprezadas. Nosso
personagem principal tem estopim, ou falta dele, apenas quando o roteiro
precisa, caso contrário ele não cresce e não avança. Revertido para Klaus
infantil e imaturo, é só uma questão de tempo até termos de novo alguma
esperança de mudança, uma que não podemos nunca nos apegar. Ora rancoroso, ora
cheio de perdão no coração e desejo de paz. O resultado é que sempre estaremos
desconfiados e nunca poderemos aproveitar uma possível transformação, eu mesmo
sempre que vejo algo bom no Klaus já me preparo para a decepção. Logo, onde
estará a imersão nos problemas e avanços do personagem? Ela não virá.
E o que dizer de nossa Davina, que não aprendeu
nada em uma temporada e lá estava a pequena, querendo rivalizar com Klaus? Acho
que a garota deve ter perdido o memorando com os motivos da partida da Rebekah
e do banimento do Marcel, só pode. Nada mais justifica a personagem cogitar
trazer o pai do Klaus de volta. Ela estava “morta”? Estava. Mas esse tipo de
informação crucial não poderia ser desprezada. Infelizmente isso foi uma saída
fácil para o roteiro, que prezou pela ameaça ao invés de utilizar qualquer
outra bruxa. Monique tem motivos de sobra para querer atazanar a vida do Klaus,
entretanto, visando não deixar a bruxinha Davina no ostracismo, a utilizaram
para esse intento.
Claro,
esse episódio foi ótimo e colocando esses deslizes a parte gostei muito de como
tudo foi conduzido. Felizmente para nós, Francesca conseguiu evoluir de sua
posição como avulsa para verdadeiro tapa na cara de todos. Desde os primórdios
da Celeste na série nós ouvimos falar nessa matilha de lobisomens Guerrero,
ouvimos muito e vimos quase nada. A grata surpresa no ápice do episódio elevou
a tensão de uma forma fenomenal. Toda a ameaça e desespero que o momento tentou
passar, foi de fato, atingido pela composição geral das
cenas.
Até
a traição da Genevieve foi bem utilizada. Nós sabíamos que ela não queria ser
responsável pela morte de uma criança, acreditamos em uma possível redenção, já
que esse é o mote favorito da série (depois da família é tudo o que importa,
claro). Então, acompanhar o sofrimento da bruxa e vê-lo se tornar puro desprezo
e vingança foi sim muito bom. Se nós, que acompanhamos a série não conseguimos
acreditar no lado bom moço do Klaus, imagina as pessoas que realmente sofrem na
sua mão? Justíssimo o feitiço ligar Klaus aos lobisomens durante a lua cheia,
dá uma dimensão maior a fraqueza que o híbrido precisa ter. No final das
contas, todo mundo precisa de uma fraqueza.
Hayley
não decepcionou e até mesmo a cena com a atriz se debatendo e sofrendo foi
interessante. Parabéns Phoebe Tonkin, sua personagem pode ter amargado um
péssimo desenvolvimento, mas você elevou a dramaticidade do medo nesse
episódio. O risco real para a loba sempre foi o parto, ninguém nunca comprou a
ideia de que ela fosse sofrer algum tipo de perigo verdadeiro até que a criança
estivesse pelo menos, prestes a nascer. Sendo assim, é agora que deveremos
chegar ao limiar do desespero.
O
último episódio promete. Depois dessa construção ímpar de ‘The Battle of New
Orleans’, o que nos aguarda são as consequências de dois perigos, o nascimento
do bebê e o retorno de Mikael. Resta saber se a entrega será tão satisfatória
quanto o caminho traçado. Tudo nos leva a entender que sim, afinal, estamos
torcendo para que os personagens que nos apegamos consigam sobrevier a esse
season finale, que promete ser banhado a sangue e lágrimas, duas coisas que a
série melhor tem a oferecer.