Uma homenagem a boa e velha Once Upon a Time
Depois de perder a própria magia, OUAT mostra que o caminho
para redenção não é fácil, mas pode ser recompensador. Quando a série retornou
para sua “segunda” terceira temporada com o episódio New York City Serenade, eu
pontuei que ela estava passando por uma espécie de reset/reboot. Por dez
episódios assistimos a tentativa de reconstruir o mesmo ambiente e clima que passaram
em sua primeira e tão elogiada temporada. Não foi em vão. Once Upon a Time foi
uma série que prezou em transformar personagens e cenas clássicas em algo
adaptado ao paladar mais moderno, sua temporada 3B foi então a retomada a seu
próprio período clássico. Tudo isso sem desprezar todo o trabalho feito até
então.
Foram dois episódios, mais de uma hora vendo uma verdadeira
homenagem a tudo aquilo que fez de OUAT uma série diferenciada e realmente, um
conto de fadas para adultos. Cada cena, cada fala, tudo muito bem construído
para nos mostrar que apesar dos desvios sofridos, estamos exatamente onde a
série nunca deveria ter saído, ao lado da emoção. E por mais que você não tenha
aproveitado, negar que esse episódio foi o mais emotivo da temporada é besteira.
Melhor do que tudo é poder voltar àquela velha floresta
encantada, com Snow chutando bundas e sendo relevante. Nada de Charming e Snow
tediosos, era isso que os personagens precisavam. Mesmo com Ginnifer Goodwin
grávida, com uma dublê saltitante e passando praticamente todas as cenas em que
não estava da cintura para cima, deitada, eu aproveitei a aura da velha Snow
White. E é isso que todo mundo queria. Os caminhos que alguns personagens passaram
foram azedos, para dizer o mínimo, mas tudo se resolveu com esse final
extremamente doce.
Foi um festival de saudosismo a OUAT de outrora. Red/Ruby
dando as caras, a Fada Azul sem aquele chapéu horroroso e mesmo o Rumpels com
sua aura Dark One, tiveram participações rápidas, mas marcantes. E é assim que
a série deve permanecer. Não podemos nos esquecer dos rostos que construíram a
série, afinal, não só de Charmings, Emmas e Hooks viveu a série, logo, ter esse
presente recompensou e muito.
Entrando na trama central do episódio, não passamos só por
recordações. Emma sempre fugiu, de tudo e todos. Por muito tempo eu a compreendi,
sem nunca pensar em como Snow e Charming se sentiam. Imaginem, você conhecer
seus pais e ver que os dois são praticamente da sua idade. Não foi fácil.
Contudo, eu nunca me coloquei na posição deles, ou na dor que eles também
precisavam sentir. Emma tinha que passar por tudo aquilo para finalmente
aceitar quem ela realmente é, suas origens, seu lugar no mundo, ao lado da sua
família. Isso sem contar a atuação estupenda da Jennifer Morrison, que fez
justiça ao que o roteiro queria passar. De ver os pais se apaixonando, ao abraço
final com as palavras “pai e mãe”, ela só ganhou pontos. Deixar de fugir e
coroar tudo com um belo de um beijo no Hook foi a forma mais agradável que tudo
poderia ter terminado, mas ainda não terminou e estou ansioso por mais.
O próprio Hook mostrou algo que eu sentia falta no
personagem, tenacidade, coragem. Eu compreendi o cara, entendo que o amor mude uma
pessoa, ele mesmo, assim como Regina, só conseguiu se tornar alguém melhor por
causa desse sentimento tão essencial a um conto de fadas. Só que o personagem
falhou ao perder a si mesmo no processo. Logo, ter Hook com espada, lutando,
entregando cenas cafajestes e encarando os belos atributos da Emma, mostrou que
tudo o que o cara precisava era se sentir necessário. Enquanto estávamos em Storybrooke,
com Emma poderosa, Regina soltando bolas de fogo e toda uma família dando
apoio, o Hook amaldiçoado se portou como um cachorrinho, porque ele não era
importante para ninguém e para não arriscar seu relacionamento ele se fechou.
Quando se assumiu relevante, o personagem voltou a mostrar o brilho que nos fez
querer desde o começo esse casal formado. Isso sem contar que graças a esses
dois tivemos Príncipe Charles e Princesa Leia.
Já na parte triste, eu senti muito pela Regina, muito mesmo.
Enquanto assistia ao episódio eu me contentava pelos pontos positivos em que a
série se homenageava, mas me esqueci que ainda estamos longe de um final feliz
para todos os que amamos. Seria bom demais se Regina conseguisse aquilo que
tanto queria, muito mesmo. Mas apesar de ter (de novo) um ar de series finale,
esse é só o último do terceiro ano. Ninguém está livre das tempestades e ainda
teremos mais pelo que lutar. Quem mais sentiu o coração ser partido depois de
ver Regina, Robin e mini-Robin andando juntos como uma família feliz só para
tudo ser jogado no bueiro com a volta da Neal 2.0? Sim, já inseri Mariah no rol
Baelfire de raiva por um personagem.
Logo, o próximo ano deverá ser a última prova que Regina
precisará passar para realmente sabermos se ela é ou não uma nova mulher. Não
imagino que ela voltará a ser a Rainha Má, mas os dilemas existirão novamente.
Sabe o que me preocupa? É que foi exatamente por esse caminho que passamos na
segunda temporada, com a Cora fazendo a linha diabinho no ombro da filha. Mas
não vou me castigar antes de ver o resultado, as esperanças foram renovadas.
Contudo, é arriscado apostar em Frozen, um filme que ainda
está muito fresco (se me permitem o trocadilho). Qualquer tentativa de mudar a
personagem acabará enraivecendo fãs. Imagino que existirá um cuidado muito
grande em não fazer de nossa rainha de gelo alguém insuportável. Aqui, não
teremos uma música marcante para acompanhar uma personagem tão forte, mas essa
atitude de trazê-la mostra que se fosse existir um momento propício para
tentar, esse seria o da próxima temporada. Exatamente pela mesma razão que é
arriscado, é compreensível o que os produtores estão tentando fazer. OUAT
passou por um período nebuloso em que sua magia ia se esvaindo pouco a pouco. A
série se tornou a própria rosa de ‘A Bela e a Fera’, lentamente perdendo aquilo
que a fazia tão bela, sua magia e simplicidade. Porém, essa magia voltou, não
com a mesma força, mas com um brilho incomparável. A segunda chance está aqui,
basta saber aproveitá-la.
Por último, quero finalizar essa review dizendo que o
período em que pude me divertir com a série e escrevendo sobre ela, foi mágico,
para não soar mais piegas que isso. Vejo vocês na quarta temporada, torcendo
para que essa “aventura congelante” cresça da mesma maneira que Oz cresceu.
Ps. Orçamento para os vestidos da Regina – Ilimitado.
Orçamento para capas – R$6000,00 por episódio.
Orçamento para as perucas da Snow – R$0,50 e qualquer tapete velho do
estúdio.
Ps². Snow e Charming, que decidiram colocar o nome no filho
de Neal, homenageando o falecido ex-genro. Tem espaço pra achar fofo, tem
espaço pra achar bizarro.
Ps3. Próxima temporada quero ver Mariah, Regina e Robin em
um elevador, com chutes voando ao melhor estilo família Knowles.
Ps4. “Elsa - Do you wanna
kill a Snow White?” *Se você não assistiu Frozen, essa piada não
fará sentido nenhum, então corre e vai assistir.
Ps5. Essa é uma série família, o máximo que chegaremos da
intimidade de Emma e Hook foi na alisada do gancho curvo. O resto fica na imaginação
mesmo. #GanchoCurvado
Ps6. Minha macumba online funcionou e Intelligence foi
cancelada. Ruby está de volta. Agora só falta sangrar alguma galinha digital
para trazer a Tinker.
Ps7. Hook explicou onde estava, como fugiu da maldição e
como voltou para a “Terra sem Magia”. Paciência é uma virtude.
Ps8. Imaginando o tanto de “Let it go” que a Elsa vai ouvir
dos personagens em Storybrooke. Vamos fazer um bolão e adivinhar? Eu chuto 13.
Ps9. O verdadeiro herói foi Neal, que permaneceu morto para
nossa vitória e comemoração. Rodada de rum por minha conta.
Ps10. Belle casou, com o Grilo como padre e do lado do poço.
Por que chegar ao fundo dele não é o bastante, você tem que casar.