Era pra ter sido um episódio triste, mas no final eu ri.
Sim, acabei encarnando a rainha má do Leste do Pantanal e ri
muito com a morte do Neal. Fica complicado quando a série impõe um tom mais
triste, mas você já está tão cansado do personagem que no lugar de ser
carregado pela emoção da perda, você sente um pouco de alívio. E foi isso que
aconteceu comigo nesse episódio que marcou a morte de um personagem “meio,
quase, mais ou menos” principal da série.
Todo o trajeto do Neal foi tortuoso. Me lembro bem de quando
o conhecemos, a revelação tão aguardada de quem era o pai do Henry e a primeira
decepção. Desde cedo os redatores fizeram o possível para que não nos
afeiçoássemos a ele. Não sei se foi isso o que quiseram para o personagem, mas
eu não vi muita força para que gostássemos de Baelfire, nem quando criança. É
só ver esse episódio, em que o cara vai completamente contra todo seu discurso
de ser oposto a magia negra do pai. O correto para ele era se conformar que o
melhor havia acontecido e Rumpels estava finalmente livre da maldição de ser o
Dark One, mas não, ele arrastou a Belle para o meio da floresta e trouxe o Dark
One de volta, sem demonstrar nenhuma restrição ao perigo de lidar com magia
negra. E olha que nem vou falar nada a respeito dele ter desprezado até mesmo a
magia da Emma, que tem uma origem toda branca e bondosa. Logo, os redatores
abandonaram o mantra do cara simplesmente por que eles precisavam arrumar um
jeito de matar o Neal e trazer o Rumpels de volta.
Acho que erraram com o Neal desde a contratação do ator.
Michael Raymond nunca me cativou, nem quando estava tentando ser um herói para
sua família. Bem diferente do Hook, que aprontou ao lado da Cora, foi
mau-caráter desde o começo, ganhou um flashback cheio de sentimentos e mesmo
assim eu consigo torcer por ele e ficar com medo dos redatores acabarem
calejando demais o personagem o jogando de um lado para o outro. Mas olha, eu
percebo que esse é um dos constantes erros da série, não conseguir um
personagem homem que seja realmente relacionável e interessante. David/Charming
é aquela sopa de chuchu, tão sem graça. Hook foi o segundo acerto da série, o
primeiro havia sido o Caçador, que infelizmente morreu na primeira temporada.
Menção honrosa para August e Chapeleiro, que tiveram um fim bem aguado também.
E é exatamente nesse ponto que mora o perigo. Muitos de
vocês já repararam e comentaram que a série está deixando umas pontas soltas
para uma possível traição de Hook. Ficou mais evidente ainda que os redatores
pelo menos querem que tenhamos esse pensamento quando o pirata divide aquele
abraço apertado e o momento repleto de despedida no hospital. Que nada mais foi
do que lenha na fogueira da desconfiança, aliada a seu surgimento misterioso
com a poção da memória em Nova York (apesar de que parece que foi o Neal o
responsável), sua conversa fiada no abrigo antes da Emma abrir o cadeado e
encontrar o Rumpels. Existem muitas pistas de que ele possa mesmo estar sendo
egoísta, no mínimo. Me dá muito medo por que eu não quero acabar detestando um
personagem que gosto tanto, sei que Hook tem um colete a prova de balas muito
forte nesse quesito, mas toda blindagem tem seu limite.
O que mais me alegrou foi ver que os redatores não se
esqueceram de Regina e Hood e caminharam com uma velocidade que eu não
esperava. Pra ser honesto todo esse episódio teve um ótimo ritmo. Regina se
lembrando do que a Tinker Bell disse a respeito do homem que era sua metade e
já aceitando aquilo para ela me fez dar um suspiro enorme. Regina é uma mulher
que não consegue aceitar a felicidade, sempre foi. É acalentador ver a
personagem mostrando aspectos de mudança em algo que é tão profundo em sua
vida. Gosto muito de como a série lida bem com os avanços, nossos personagens
quase não ficam estagnados em limbos sentimentais. Tirando Snow e Charming que
passam por milhares de coisas, mas sempre terminam como começaram. O que também
é coerente com o lema de vida dos dois.
Achei que o desenvolvimento foi ótimo por que depois do que
aconteceu no começo da temporada com o mistério ao redor do Peter Pan pairando
até praticamente os últimos episódios dessa “mini-temporada”, eu fiquei
extremamente cauteloso, imaginando que a série arrastaria esses momentos até o
season finale. Mas não, assim como a revelação de Zelena as coisas vieram
rapidamente e o melhor, satisfatoriamente. Um episódio que foi só amor.
Tudo isso dito, ainda acho que devemos lidar com a morte de
Neal com todo cuidado possível. Ainda podemos ser surpreendidos por uma série
que quase não consegue se livrar de seus personagens. Eu detesto, absolutamente
odeio quando a série cria todo um clima de perda, sofrimento e dor da partida
só para depois trazerem de volta o personagem. Diferente do que aconteceu com
Rumpels, que faz toda a diferença para a série, Baelchopp não faz, muito pelo
contrário, enquanto estava desaparecido só a Emma sentia falta dele. Logo,
preparem-se para um momento de fúria na review se trouxerem de volta esse
encosto em forma de gente. Até por que, Neal além de ter sido responsável
indiretamente pela maldição, fez parte da concepção do Henry. Ou seja, esse
homem não veio ao mundo pra facilitar a vida de ninguém.
Por uma grande sorte Adam Horowitz e o Edward Kisis
confirmaram mesmo que nessa temporada um personagem importante morreria. Toda a
morte do Neal teve uma sensação de despedida muito grande e eu quero acreditar
que ele passou dessa para uma melhor. Seu sacrifício também dá um novo seguimento
para Rumpels, que com certeza está com sangue nos olhos para cima da Zelena. Só
fico triste por que o coitado acabou de receber mais uma carga pesada de culpa
nas costas. É Belle, você vai precisar ler muito livro proibidão pra conseguir
tirar toda a tensão desse homem.
Esse episódio então se firma como algo delicioso e um dos
melhores pós hiatus (só perde para o New York City Serenade, em minha opinião).
Não só por que o Neal morreu, mas sim por que conseguiu trabalhar bem a tensão
a respeito do retorno do Rumpels e ainda revelou a todo mundo que Zelena é a
cara verde do pedaço, já que eu previa um estresse muito grande se a enrolação
ao redor da parteira que adora servir bebidas continuasse por muito tempo. Deu-nos
momentos maravilhosos com Regina e Hood encaminhando aquele romance que a
personagem tanto merece e nós tanto queremos. Ou seja, o que tem para não se
amar em “Quiet Minds”? E olha que pelo o que eu vi na próxima promo teremos um
verdadeiro faroeste com Regina e Zelena. Vai ser choque de monstro.
Ps. Roteiristas, com Lumiere vocês mostraram bem como se
trata um personagem menor dos contos Disney. Uma pena que Rapunzel acabou
ganhando o mesmo tratamento.
Ps². Aquela cena final com o filho do Hood correndo e a
Regina ao fundo foi muito mais emocionante do que a morte daquele que não será
mais nomeado.
Ps³. Zelena, trazendo um monte de verdura pra Snow. Acho que
alguém anda sentindo saudades do verde.
Ps4. É, Rumpels era o cérebro e o coração segundo o mesmo
deve ser a relação Snow e filho(a) não nascido(a).
Ps5. Sabe, a Disney tem os direitos de Star Wars, acho que o
próximo vilão deveria ser o Darth Vader. Só acho. Regina, I’m your father!
Ps6. Snow: “Eu sou a melhor rastreadora daqui.”. Tá, e ela
achou que todo mundo ia ter tempo de ficar esperando ela abaixar aquela
barrigona enorme pra ver as pegadas no mato? Se manca fia.
Ps7. Departamento de turismo de Maine, vocês estão
precisando molhar um pouco a mão dos produtores. Ninguém fala bem do lugar. Maldição
de sofrimento miserável? Sim, foi no Maine.