O verdadeiro crossover entre Agents of S.H.I.E.L.D. e Thor: The
Dark World.
Quando me lembro do tão prometido e aguardado ‘The Well’,
episódio que seria o crossover entre a série e o segundo filme da franquia
Thor, chego ficar um pouco enjoado. Tudo por que o tratamento que o episódio
recebeu foi tão comercial que a única coisa realmente importante do filme da
Marvel foram os destroços que a equipe do Coulson teve que limpar da Londres
destruída pós-confronto Thor Vs. Dark Elves.
A prova de que o oitavo episódio foi meramente para atrair
fãs do Thor foi sua falta de cuidado em fazer uma ligação realmente coerente
com o que tinha sido exibido no filme. Lá estávamos acompanhando os Dark Elves,
Malekith e a busca pelo poder do vazio. Na série ficamos reféns de um
asgardiano aleatório e uma lança que dava poder e frenesi a quem a empunhava.
Ou seja, se não fosse a conexão nos minutos iniciais do episódio ele não teria
feito diferença nenhuma em não ter sido vendido como crossover. Nesse décimo
quinto episódio até mesmo a referência final de Sif, dizendo que Odin tinha
pessoalmente ordenado que ela prendesse e retornasse Lorelei para Asgard é uma
grande bomba para quem assistiu ao filme do loirão nórdico.
[Spoilers de Thor Dark World] Nós sabemos que Loki assumiu a
imagem de Odin, por isso, essa ordem deverá ter algum impacto no terceiro filme
do Thor. Tudo indica que ele está querendo recrutar alguns vilões importantes.
Será que estamos nos aproximando do fim de Loki e consequentemente Tom
Hiddleston? Não consigo ver outro desfecho que não seja esse. [Fim dos
spoilers]
Porém, por uma sorte muito grande ganhamos ‘Yes Men’. Um
episódio totalmente centrado no conflito entre May e Ward. Isso sim a série
está sabendo fazer bem, a dinâmica entre os personagens está boa e a revelação
da paixão não mais secreta de Ward por Skye só deixará as coisas melhores. May
não me parece ser o tipo de mulher que leva desaforo pra casa.
Quero só ver
como ela irá responder a isso, já que um soco na cara do Ward após a possessão
de Lorelei não deve chegar perto do rancor que ela deve estar sentindo pelo
moço agora.
Um dos melhores aspectos desse episódio foram as cenas de
luta. Parabéns aos coreógrafos da série. As cenas com Lady Sif e Lorelei, Ward
e May foram brilhantemente executadas. Muitas séries de ação deveriam se basear
em MAoS no quesito ‘dança’ com socos e chutes.
As falas ainda estão um pouco mecanizadas demais, a cena
final com Coulson e a Skye foi um tormento só. Parecia uma regravação do Tarzan
com a moça dizendo “Viver, bom. Morrer não”, só faltou o Coulson começar a
tocar de roda de um lado ao outro batendo no peito com as duas mãos. A série
pode muito mais do que isso. Mesmo que os filmes também sejam cheios,
abarrotados pra ser sincero, de falas clichês em homenagem aos quadrinhos,
Agents por ser direcionada a TV e conter menos cenas de ação pode muito bem
pegar mais firme nesse texto.
Ou seja, para construir essas barreiras entre Ward e May a
equipe de MAoS trouxe Lorelei e Sif para a barco voador, demonstrando toda a capacidade
da série em fazer um bom serviço com o material (quadrinhos) quando quer. Não
reclamo e ainda estou achando que desde o episódio The Bridge a série cresceu
muito. Ainda acho que depois da metade de Yes Men as coisas ficaram um pouco
mais lentinhas e isso prejudicou o bom desenvolvimento que vinha acontecendo
até então. A série ainda está um pouco ruim nesse quesito, ela precisa
encontrar um ritmo bom e permanecer com ele até o final.
Deu para perceber também que esse episódio não foi o
episódio usual da série, que assumiu um tom mais sombrio desde a revelação do
alienígena e a morte dos dois agentes. Aqui, Lorelei ordena que um de seus
consortes dê um fim em sua esposa. Cena que não é café com leite e mostra que
aos poucos a série pode chegar a um caminho mais tortuoso para nossos
protagonistas.
Falando no alienígena, Sif revela entre as raças que ela
encontrou que tem a pele azul, Kree. Pois é, Kree é minha aposta certeira
também. Gigante de Gelo nós sabemos que ele não é por que já vimos como eles
são no primeiro filme do Thor. Um Gigante, como o próprio nome já diz, não
caberia em um compartimento daquele tamanho.
O que a série precisava aos poucos está sendo colocado.
Esses elementos que fizeram falta no começo da temporada estão aparecendo. Tanto
que eu fiquei extremamente ansioso e triste quando no final do episódio o
Coulson diz que eles vão atrás do responsável por toda essa confusão, o
Clarividente. Fiquei triste por que a série não será exibida na semana que vem,
no lugar a ABC vai passar um especial dos Vingadores 2: Age of Ultron. Nem isso
conseguiu aplacar minha tristeza, até por que todos nós sabemos que esse
especial vai ser lotado de promocionais de Capitão América e Guardiões da
Galáxia.
A busca pelo Clarividente deverá então dar um tom mais
pesado ao primeiro evento da série, que ainda está bem fraquinho. Qualquer um
que tenha lido pelo menos um evento mediano dos quadrinhos sabe que o passo
ainda está bem lento e clima bem morno. O tempero aos poucos está deixando o
sabor da série cada vez melhor, só não podem parar agora ou exagerar a
mão.
Ps. E olha, só vou dizer aqui uma coisa que não sai da minha
cabeça. A Marvel já tem duas figuras femininas fortes em seu MCU (Marvel
Cinematic Universe). Sif e Viúva Negra. Ao incluírem Sif na série o recado fica
bem claro: Ela não tem cacife para um filme solo. O que é uma pena. O mesmo
vale para Lorelei, que é irmã mais nova de Amara, personagem que tem grande
influência em Thor, ela poderia ser utilizada aqui. O fato de não aparecer
indica que ficaremos mesmo restritos aos personagens menores dos quadrinhos.
Ps². Nicky Fury está fora da rede. Como fã de quadrinhos só
consigo imaginar uma coisa: Secret Warriors.
Ps³. O agente Sitwell/Jasper também está no filme do Capitão
América. Cada vez mais referências a Soldado Invernal na série. Gosto assim.
Ps4. Review desse episódio foi com menos referência aos
quadrinhos, já que o próprio também teve pouca. E isso nem deixou ele ruim.
Ps5. Jaimie Alexander e sua perfeita Lady Sif mereciam mais
participações, ou até mesmo uma série própria.