Não é Marvel até o Stan Lee
aparecer para umedecer fanboys.
E é com essa frase meio
estranha que eu abro a review do episódio que para mim se tornou o melhor da
série, pelo menos até que o próximo vá ao ar. Afinal, as coisas estão
melhorando muito para Agents of S.H.I.E.L.D
Toda a construção de
T.R.A.C.K.S. foi interessante. Acompanhamos os diversos POVs remontando as
mesmas cenas através da visão dos diferentes grupos de personagens, o que
tornou toda essa experiência muito mais rica e divertida. Trabalho esse que foi
uma cooperação entre Rafe Judkins e Lauren LeFranc, que dividiram o roteiro de
outro episódio da série, o não tão bom assim The Hub. Não sei muito bem o quanto
da série já estava pronto, mas quero acreditar piamente que tudo já estava planejado.
É comum que por enquanto tenhamos que acompanhar o retorno
de alguns vilões já conhecidos da série. Ian Quinn, por exemplo, totalizou três
episódios da série até agora. Tudo isso ocorre por que o grande vilão ainda não
tem um rosto, é necessário mesmo utilizar os que já foram apresentados para que
não exista uma dispersão muito grande, transformando nossa jornada confusa
demais ou sem nexo. O interessante é ver que aos poucos todos eles estão
caindo, Po morreu, Rainna foi capturada e está em custódia da S.H.I.E.L.D. e
agora deverá receber a companhia do amigão, Ian.
Outro ponto válido para mostrar que tudo o que nos faltava
era um pouco de calma é a existência do personagem Mike. Lembro que no começo
todo mundo apostava que ele fosse o Luke Cage, então, a maioria começou a
reclamar muito por que tudo indicava que ele era somente um personagem novo
criado especialmente para a série, agora, todos já estão arrancando os cabelos
de felicidade por que ele é o Deathlok. Paciência era a palavra chave.
Talvez, a grande maioria não tenha percebido, mas existe uma
diferença muito grande entre todas as produções da Marvel e da DC, impedindo
que uma das maiores comparações seja levada a risca, a comparação MAoS VS Arrow.
Vocês já viram que nenhum filme live action da DC/Warner tem cena pós-créditos?
Pois essa é uma característica que começou com a Marvel. Vocês já viram também
que o humor e as cores fortes são um traço marcante de todas as produções da
Big M? Ao passo que a tonalidade cinza e escurecida é o carro chefe tanto do
tom quanto da fotografia da DC. Se não ficou claro ainda, as duas trabalham de
forma bem diferente uma da outra e tem orgulho disso. Talvez, e um grande
talvez, a série que seguirá um caminho mais tortuoso e sombrio seja Demolidor, que
pertence a Netflix e não a ABC. Por isso, é bom não ficar esperando um
equivalente de Arrow na Marvel.
Em termos de humor a série
parece que acertou a mão e anda conseguindo apresentar bons momentos sem
fazê-los parecer forçados. Mesmo que a aparição do Stan Lee tenha cortado um
pouco do que estava acontecendo entre Simmons e Coulson, foi engraçado ver o
pai Marvel, a entidade mais poderosa no terreiro da casa das ideias passando um
sermão no agente. Simmons é perfeita e eu simplesmente adorei a interação dela
com o Coulson, a fala “Você nunca teve tempo para ela. Mas teve tempo para o
seu trabalho! E suas prostitutas”, “Prostitutas? Plural?” foi de perder o ar.
Socorro, esse foi um momento em que eu tive que pausar o episódio para
conseguir acompanhar o restante sem perder nenhuma informação.
É interessante notar que houve
crescimento desde o piloto da série até agora. Me lembro que no começo
sofríamos com períodos de humor forçado e sem graça que só estavam lá para
enferrujar mais ainda a imagem morna que tínhamos dos atores. Agora não, as
coisas estão bem menos engessadas.
Gostei bastante das cenas de
ação. O que foi a May saltando do trem com direito a paraquedas e tudo mais?
Perfeito. E disso nós não podemos reclamar, as cenas de luta e afins sempre
foram bem executadas na série.
Retornando ao assunto Deathlok,
vou fazer um panorama rápido entre o personagem da série e o dos quadrinhos. Em
uma das reviews anteriores, um comentário chegou a lançar a hipótese de que o Mike
fosse o personagem. Eu até então fazia parte do grupo que via o Mike
exclusivamente como uma nova criação para a série, sem conexão com os
quadrinhos. Sendo assim, o trabalho que fizeram foi o de dar uma origem para
ele. Vocês notaram que desde seu surgimento tivemos um mini-filme contando como
foi a criação de um vilão(?) importante dos quadrinhos? Pois é, Deathlok é um
personagem veterano da casa, mais de quarenta anos de histórias, participações
e versões alternativas.
O trabalho que a série fez de criar
e embasar o personagem foi ótimo. Assistindo apenas aos episódios em que Mike
aparece o vemos passando de um homem que queria ser o melhor para seu filho e
acabou como experimento de uma organização criminosa, um agente especial da
S.H.I.E.L.D. e agora uma espécie de vilão, sendo controlado e já não podendo
mais ser visto como apenas um humano. Testemunhamos um “Deathlok: Origens”.
Nos quadrinhos, porém, Michael
Collins era um funcionário da Roxxon Oil (que eu comento lá embaixo) que
trabalhava na área de criação de membros artificiais, algo que para ele seria
futuramente usado para ajudar pessoas com deficiências físicas. Ao descobrir
que tudo era parte do projeto Deathlok ele reclama com amigo e chefe, Ryker,
para acabar sendo vítima da própria criação. Depois de um tempo ele retoma o
controle de si mesmo e passa para o lado do bem. Ou seja, a série pode
respeitar essa versão do personagem. Pode até mesmo ir além e dar para ele uma
nova história totalmente diferente dessa, só o tempo nos dirá.
Outra personagem também roubou
a cena nesse T.R.A.C.K.S., Skye. A hacker não teve até o final nenhum momento
extremamente brilhante. A cena do beijo no Fitz foi bonitinha, mas só. Foi o
momento em que ela leva dois tiros do Ian que eu pude pela primeira vez gostar
100% dela. Ainda não sabemos o que ela é, qual seu poder ou sua importância,
mas sei que como personagem, já ganhou um espaço importante na série. Isso eu
digo por que eu me preocupei com a sua possível morte. No começo da série eu comemoraria
esse momento. Já agora eu não consegui sentir algo que não fosse inconformação
com a forma brutal com que Ian Quinn a feriu, uma vingança completamente
mesquinha e fria.
Indo para o casal mais estranho
possível do mundo das séries, May e Ward. Os dois continuam naquelas cenas de
tensão constante. Rola um pouco de crise de ciúmes, um pouco de infantilidade,
mas o que permeia essa relação é o aprendizado de ambos personagens que ainda
não sabem se comportar como seres humanos completos. É evidente que a falta
algo lá e mais ainda que a única forma deles evoluírem é juntos. Só fica a
dúvida, será que duas peças quebradas podem se encaixar? Eu temo pelo futuro
desse rala e rola.
E pra chorar muito de amor pela
série, vamos analisar a imagem acima. A Cybertek nos quadrinhos é uma divisão
da Roxxon Oil, empresa que desenvolveu a tecnologia Deathlok. Ponto positivo
para MAoS por fazer meu hobbie de escrever essas reviews mais divertido ainda,
ver esses easter eggs é um prazer imenso. Segundo fato a analisar, de acordo a
imagem a perna foi criada em 061330 - também pode ser o número de série, mas
isso seria chato demais -, um indicativo de que ela pode ter sido feita em 13
de junho de 2030. Sim, uma tecnologia do futuro. Agora vem a teoria que quase
fez minha cabeça explodir. Será que o Clairvoyant veio do futuro? Se sim, será
que estamos testemunhando os atos de Kang o conquistador? [Tremedeira Nerd]
Kang o Conquistador é um dos
vilões mais emblemáticos do universo Marvel, por causa de suas intromissões em
outras linhas temporais ele passou de Nathaniel Richards para Rama-Tut, Scarlet
Centurion, Immortus e Iron Lad. Com o poder de viajar no tempo ele foi
responsável por muitas confusões. Suas versões acabam sempre bagunçando a linha
temporal e para mim, uma das mais divertidas aparições dele foi em “Young
Avengers” em que sua versão mais nova volta no tempo e assume a identidade de
Iron Lad (um tipo de Homem de Ferro adolescente) e funda o grupo dos jovens
vingadores.
Imaginar que ele possa vir a
ser o clarividente é um passo muito grande, talvez maior do que a série esteja
disposta. Porém, os últimos episódios têm sido tão divertidos e corajosos (para
os padrões que a série já tinha traçado), que eu até posso imaginar que a série
esteja criando colhões para embarcar de vez no universo da terra 199999 e
trazer Kang. Afinal de contas, já vamos ter Lady Sif vinda diretamente dos
filmes do Thor, uma personagem importante e principal da franquia Marvel nos
cinemas. Talvez para apagar a impressão fraca que The Well nos passou ao ser o
tão esperado e decepcionante cross-over de Thor: O Mundo Sombrio com a série.
Mas, não fiquem assim tão
animados. Lembrem-se sempre de tudo o que passamos com a antecipação de que
Coulson pudesse ser um robô, ou até mesmo o Visão (fato que já foi desmentido
já que Paul Bettany foi confirmado em Vingadores 2 como o tal).
Outro fator importante é a data
de retorno da série com a data da estreia de Capitão América 2. O Episódio 15
de MAoS está datado no IMDB para ser exibido em 11 de março, se não houverem
mais interrupções o episódio 19 da série deve ser exibido na semana de estreia
do Soldado Invernal. Capitão América: Soldado Invernal pelo que entendi irá
lidar também com a corrupção dentro da S.H.I.E.L.D., em T.R.A.C.K.S. vemos que
os vilões estão usando a mesma tecnologia da arma ‘night night’. Além do mais o
clarividente sempre sabe onde nossos agentes estão. A Roxxon Oil, empresa
ligada a Cybertek que criou a perna do projeto Deathlok tem ligação direta nos
quadrinhos com o Capitão América, sendo citada pela primeira vez no número #180
de 1974. Isso pode apontar que talvez estejamos lidando com um agente duplo.
Nada disso descarta todas as teorias que já fiz nessa review ou na review do
episódio The Magical Place quanto a identidade do vilão, mas é sempre bom ter
em mente que a entrega pode acabar não surpreendendo tanto.
No total, esse foi mais um
episódio bom para a série. Começamos com passos lentos e agora já estamos com
mais espaço entre cada expectativa. Sinto que até o season finale as coisas só
tem a melhorar. O próximo episódio contará com a participação do personagem
John Garrett (mais um direto dos quadrinhos), ou seja, mais surpresas
agradáveis estão por vir.
P.S. Câmera hiperbárica
realmente existe e não é meramente uma invenção da série. Ela é utilizada para
tratar ferimentos difíceis de curar entre outras, como envenenamento por
monóxido de carbono.
P.S². Emil Blonsky, citado no
episódio é o Abominação. Aquele vilão monstruoso que apareceu no “Incrível
Hulk” do Edward Norton em 2008.
P.S³. “Scusi attenzione signore
e sinora...” Eu já estava quase arremessando meu mjolnir na televisão de raiva
dessa mulher repetindo essa frase o episódio inteiro.
P.S4. MAoS só volta dia 4 de
março, tudo culpa das olímpiadas de inverno. Que sinceramente, ninguém da à
mínima.
P.S5. “Eu não posso lidar com
Asgard hoje.” Agente Coulson mostrando que ainda não superou seu trauma com
asgardianos.
P.S6. Pesquisei, pesquisei,
pesquisei ainda mais e não encontrei nada que pudesse ligar o nome do episódio
a alguma informação relevante dos quadrinhos. Ao que tudo indica, tracks foi escrito
T.R.A.C.K.S. só para ficar bonitinho, no final, é tudo trilho de trem.