Esqueça Thor, o astro desse episódio foi o agente Ward.
Alerta de Spoilers!
Muito grande foi o burburinho envolvendo o oitavo episódio de AoS e sua conexão com Thor: Mundo Sombrio. Porém, foi apenas isso mesmo, burburinho para atrair curiosos e deixar ansioso quem já acompanha a série. No final, isso foi sim um bom episódio para a série, especialmente por que agora consigo ver uma boa estrutura e base para o desenvolvimento de Agents of SHIELD. E de quebra, ainda tivemos um episódio dirigido por Jonathan Frakes, o Riker de Star Trek TNG.
Para ser honesto, o acidente envolvendo a invasão asgardiana em Londres foi lidado com tão pouco caso, que mais parecia ter sido um pequeno acidente de carro em uma avenida tumultuada e os agentes tirando o lixo da rua para liberar espaço para as pessoas passarem. Sim, foi isso. Mas tudo bem, não vou reclamar já que minha maior reclamação havia sido exatamente essa, depender demais dos filmes. Nesse episódio em específico, eu adorei a forma com que abordaram a existência de Thor 2. Apenas como uma passagem, tudo já estava resolvido. Os agentes foram chamados apenas para identificar objetos que poderiam ter ficado para trás. Simples e efetivo. Não dá para ignorar um fato tão grandioso que tinha acontecido em um caso de dias, diferente dos 'Avengers'. Só espero que a série não fique fazendo oitocentas referências sobre [o filme] até o season finale.
O que realmente importava e que foi bem pensado em utilizar a temática de Asgard foi ao redor do cetro, o asgardiano que ficou para trás e um pouco do passado de Ward. Não precisávamos mais do que isso, mesmo que nosso desejo central como fãs da Marvel tenha sido ver uma batalha gigantesca acontecendo, com explosões e asgardianos colocando nossos heróis contra a parede, precisamos assumir que esse tipo de caso ainda vai demorar muito para acontecer. Se chegar lá. Mais importante que uma invasão é o desenvolvimento dos personagens e isso The Well fez muito bem.
Explicando a presença do asgardiano, provavelmente ele ficou na terra depois do primeiro embate entre Odin e os gigantes de gelo, que tentaram conquistar a terra e Asgard muitos anos atrás, lá antes do primeiro Thor começar. Essa é a grande diferença entre a série usar os filmes como muletas e ela se aproveitar deles para desenvolver sua própria história. O filme só serve para fazer a conexão com a raça do professor e a importância do cetro para o que estava acontecendo. Que permaneça assim. E ainda foi uma ótima ideia utilizar a figura do professor para esse caráter de comparação entre o asgardiano comum e Thor, especialmente quando esse asgardiano é Peter MacNicol.
O cetro serve (assim como a temática por trás dele) apenas para despertar aquilo que Ward tinha dentro de si, sua memória mais dolorosa e que consequentemente se tornava a que mais o incitava ao ódio. Ódio esse que era contra si mesmo. Ainda não sabemos a história total, mas com esses pequenos detalhes somos levados a Ward e May no final do episódio. Também não chegamos ao ponto de conhecer Melinda May a fundo e espiar seu momento mais doloroso, mas isso ainda não me incomoda. Gosto de ver os personagens ganhando novas abordagens e novos traços, Skye é a única que estacionou, mas imagino que isso seja por que até o quarto episódio da série ela era a única que tinha uma personalidade válida dentro da série (tirando Coulson e May, claro).
Gosto muito da abordagem do Joss em todas as suas séries, que geralmente (como eu já disse milhares de vezes antes) nos apontam em uma direção só para depois nos colocar em outra completamente diferente. Exatamente o que aconteceu com Ward e May. Passamos o episódio inteiro com Skye tratando Ward como um interesse amoroso e o cara fazendo cara de "não sei de nada, acabei de chegar". Logo, a cena final no pub foi praticamente um grito de Ward e Skye vão terminar juntos. Até que, May deixa a porta aberta e Ward, entra. Não preciso dizer que para mim esse casal daria muito mais certo e prefiro que fique assim. Isso senhoras e senhores, é a assinatura Whedon. Só imaginem agora o climão que vai ficar quando todo mundo descobrir isso (e todo mundo vai). Era isso que faltava na série, conflitos que duram e não são resolvidos no final do episódio.
Mais uma vez voltaram ao Taiti e Coulson, olha, se não fosse a referência a Dollhouse (outra série do Joss) eu acho que teria gritado com a série. Did I fall asleep? Era uma frase utilizada pelos "Dolls", humanos que tinham a memória zerada e eram programados como computadores para se tornarem exatamente aquilo que os contratantes desejassem e pudesse pagar. Estou cansado de dizer isso, mas enquanto a série ficar me direcionando a acreditar que Coulson seja um robô ou algo do tipo, eu não irei comprar. Essa mania de nos surpreender com coisas completamente diferentes do que antecipamos é marca oficial do Joss, ainda mais depois do Ward x May.
Resumindo, The Well não foi aquilo que muitos esperavam e acabou surpreendendo mesmo assim. A série ainda está nessa bolha do quase, é quase boa, é quase legal, é quase... Falta ainda chegar lá. Semanalmente porém, ela vem melhorando e muito. A verdade é que essa série parece ser saída dos anos 90, tem tudo aquilo que funcionava naquela época, mas nós já estamos acostumados com mortes (Game of Thrones), reviravoltas a cada final de episódio (tantas outras séries), que acabamos achando que Agents é ruim, mas ela não é, só tem um ritmo diferente daquele que a TV vem empregando nos últimos cinco anos.
Ps. Skye e May dividem a mesma opinião sobre o Thor, ele é dreamy.
Ps². "Did I fall asleep?" "For a little while." Estou tremendo até agora! Coulson está tentando ser o seu melhor.
Ps³. Se não entendeu o Ps², favor correr e assistir as duas temporadas de Dollhouse.