“...No final do dia, Senhor eu rezo, Para ter uma vida que seja boa….”
Contém Spoilers!
Em algum momento da vida nada
parece ser mais reconfortante do que libertar seus fantasmas e ter como ouvinte
alguém que não te julgue, não te cobre e apenas o escute. Um amigo próximo, um
desconhecido, alguém que sempre esteve ali, mas você não deu muito valor,
enfim, qualquer um disposto a ouvir seu simples desabafo e quem sabe até lhe
mostrar um caminho menos obscuro para você até então. Sem glamour, sem grandes
performances musicais, sem disputa de poder, o foco deste episódio foi a
simplicidade e ao mesmo tempo a complexidade dos sentimentos e das escolhas.
Todos os personagens tiveram
destaque e surpreendentemente de uma forma pouco superficial, colocaram para
fora seus fantasmas e enfrentaram seus medos. Rayna e Maddie conseguiram se
aproximar com a interferência de Juliette, em cenas simples, sem grandes
alardes e que reforçam a ideia de que a solução de alguns problemas está no
desapego de achar que você está sempre com a razão. A relação de Maddie e Rayna
talvez nunca volte a ser como antes, mas o simples fato de Rayna estar pronta
para se abrir e Maddie estar pronta para ouvir, é o ponto inicial que ambas
precisavam para começar uma nova fase. Maddie merecia estas cenas após aparecer
em quase todos os episódios desta temporada, apenas como uma adolescente
chatinha e revoltada. Por mais que os motivos sejam fortes, seu comportamento
demasiadamente adolescente prejudicou um pouco a personagem. Agora que parece
dar uma trégua para Rayna, talvez sua artilharia se volte contra Teddy e Peggy.
O reencontro de Deacon e sua
advogada, fez ressurgir um Deacon menos amargurado e mais leve. Após vê-lo se
culpar e se violentar nos últimos episódios, foi interessante vê-lo dissertar
sobre seus problemas com senso de humor.
Curiosamente foi Avery quem fez
Gunnar repensar sobre seus objetivos e encará-los de frente. Ao negar ceder sua
música para Will, lidou com a acusação de inveja do mesmo. Inveja esta que
provavelmente realmente sinta do sucesso meteórico e pouco merecido de Will. A
aproximação de Gunnar e Avery pode causar uma certa estranheza, mas ao que
parece a rejeição e o anonimato os transformaram em iguais.
Descobrimos também que para
entrar para o elenco fixo de Nashville, você precisa saber cantar. Zoey além de
servir de ouvinte para Scarlett, neste episódio soltou sua voz e promete entrar
para o time dos que almejam o sucesso. Desinibida e sensual é o oposto de
Scarlett que sofre com o ônus da fama.
Já Juliette passou por um
turbilhão de decisões, em apenas um episódio mudou tanto de ideia que a própria
atriz deve ter ficado confusa ao ler o roteiro. Ela lutou contra seu ego,
contra o mercado que impõe seu repertório, contra sua decisão como artista de
trilhar novos rumos e ainda lhe sobrou tempo para encontrar uma solução para
divulgar seu novo álbum e ser a ponte de reconciliação de Rayna e Maddie.
Provavelmente há quem não goste
deste episódio devido aos inúmeros conflitos existenciais apresentados. A
música ficou em segundo plano para dar espaço aos dilemas pessoais enfrentados
por todos. Particularmente achei necessário amarrar algumas histórias para dar
sequência a outras e se dar uma pausa na frenética temática de vender imagem
para alavancar vendas se fez necessário, acredito que tenha sido válido.
Destaque para um tema deixado de
lado alguns episódios atrás, a responsabilidade de Lamar na morte de sua esposa
e a vingança de Tandy. Outro ponto a ser destacado é Rayna usar como desculpa
para o cancelamento da turnê com Juliette, apenas os problemas familiares,
quando sabemos que ela não pode cantar no momento. A delicada performance de Maddie
e Daphne fecham com chave de ouro o episódio.