As novas regras do jogo. Aceitá-las ou não, eis a questão!
Contém Spoilers!
Todo subordinado insatisfeito com o seu superior enfrenta
todos os dias um dilema, se o meu chefe for trocado ele será melhor ou pior do
que o atual? As estrelas de Nashville passaram por esse mesmo questionamento e
se na primeira temporada foram obrigadas por seu chefe a fazerem uma turnê
juntas, as coisas prometem ficar bem piores na segunda temporada agora que possuem
um novo chefe, Jeff Fordham.
Independente ou não da sensibilidade e do trato com seus
artistas, praticamente todo chefe de gravadora visa o lucro. Se algum artista
promissor for bom ou ruim, talentoso ou nem tanto, mas acena com a promessa de
ser rentável, é aposta garantida. Jeff Fordham pensa dessa forma e sem dúvida a
entrada deste personagem na série agitará ainda mais Nashville. Charmoso e sem
muitos escrúpulos, já mostrou a que veio em apenas um episódio. Rebaixou
Juliette de seu posto de estrela, iludiu Rayna, “seduziu” Will com promessas,
lançou uma nova promessa de sucesso.
“Never no More” trouxe-me agradáveis surpresas em relação a
Rayna e Scarlett. Focadas em suas carreiras, deixaram seus dramas sentimentais
de lado e se tornaram muito mais interessantes. Colocaram seus homens problemas
de lado e mostraram potencial para darem um novo rumo às suas vidas. Rayna
renasceu do coma decidida a deixar sua história com Deacon para trás e Scarlett
revelou que mesmo sendo doce e meiga é capaz de ser forte, dura e decidida.
Juliette terá que se empenhar para não perder espaço para as duas, pois sem os
conflitos com a mãe, a personagem perdeu muito de suas cenas dramáticas.
Tudo indica que nesta temporada, Nashville caminhe para os
bastidores do mercado musical e revele toda hipocrisia, jogos de poder e
ambição que envolve o mundo artístico. Sem pudores de magoar suas estrelas, o
novo poderoso da gravadora promete manipular situações para motivar seus
contratados. Sua lealdade é com o mercado e não com os artistas e ele deixa claro
que apoiará aquilo que lhe for conveniente.
O primeiro contato de Jeff com Rayna e Juliette causou-me
uma certa inquietação. Pareceu-me tudo caminhar para o mesmo de sempre, Rayna
endeusada, Juliette enciumada e clamando por respeito, com o agravante de que agora
ela não é tão rentável para a gravadora como antes. Temi aqui que a segunda
temporada seguisse os mesmos conflitos da anterior e focasse na diferença e na
rivalidade entre as duas. Subestimei os roteiristas que não demoraram muito
para mostrar como será o jogo do novo chefão. Acredito que a introdução deste
personagem foi uma estratégia para mudar o foco já desgastado da guerrinha
entre as estrelas, mesmo porque as duas já acenavam para uma convivência mais respeitosa
desde o final da primeira temporada e voltar ao tema seria um pouco
contraditório.
As novas regras do jogo ficam claras e cada participante
decide de que forma irá jogar. A primeira é Juliette que julgando ser mais
esperta faz suas próprias regras. Prova que pode seguir novos caminhos e
continuar no topo e se é circo que o público quer, é circo que ela oferece. Já
Rayna segue por outro caminho e mede forças com Jeff. Basta saber quem vencerá
a batalha.
Na vida pessoal o futuro de Rayna também promete conflitos.
Maddie deixa claro que as mentiras da mãe abalaram fortemente a relação de
ambas e provavelmente a filha ainda lhe reservará alguns problemas. Em relação
a Deacon, Rayna resolve colocar um ponto final na relação tumultuada de ambos.
Não houve uma conversa profunda e sim a constatação dos fatos, que juntos fazem
mal um ao outro. Para quem torce pelo casal pode parecer que o ponto final da
relação foi desproporcional a importância da mesma. Fica a dúvida se este
artifício foi usado justamente para que futuramente eles voltem a se envolver.
A grata surpresa para mim foi Scarlett que deixou de lado
sua doçura e incorporou o Capitão Nascimento de Tropa de Elite dizendo a Deacon
tudo o que ele merecia ouvir desde o último episódio. Partindo da premissa de
que se não se aprende com o amor que se aprenda com a dor, disse a Deacon
verdades que ele há tempos merecia ouvir. Uma Scarlett segura, firme e dura
quando necessário, torna a personagem mais interessante. Insegura e ingênua na
primeira temporada a personagem parecia de cristal, pouco se esforçou para
conseguir suas conquistas que caiam no seu colo de bandeja. Ao que tudo indica,
a personagem promete mudanças. O contraste entre a doçura e a força poderá lhe
render bons resultados.
Tenho que ressaltar a reação de Juliette ao ser reverenciada
pela nova integrante da gravadora, que ao subir ao palco canta um “clássico” da
cantora. Clássico de sua era teen que ela tenta deixar para trás. O pior foi
ouvir de seu novo chefe que as adolescentes a amam, um tapa com luva de pelica
que significou: quer mudar o rumo da sua carreira e vender menos? Tudo bem,
acho outra para colocar em seu lugar. Basta saber o que ela será capaz de fazer
para garantir seu espaço.
O final do episódio deixou vários ganchos para o próximo,
Rayna deixará a Edgehill? Como Juliette vai reagir com sua mais nova rival?
Will fez a escolha certa? Quem Rayna escolherá para ocupar o lugar de Will? Gunnar
seguirá seu caminho sem esperar pelo perdão de Scarlett? Deacon deixará sua
covardia de lado e seguirá em frente? Quais serão os próximos passos do novo
chefão da Edgehill? A segunda temporada agora começou.