Aquele momento em que eu pensei estar assistindo ao season
finale da série, de novo.
Não é nada simples entregar um evento grandioso por
temporada, entregar dois já é muito e isso me faz jogar as expectativas lá no
alto para o final de temporada de Once Upon a Time. A verdade é que todo esse
décimo nono episódio serviu para responder várias das perguntas levantadas em New
York City Serenade, ou o episódio que eu carinhosamente gosto de chamar de
reset da série.
Isso me faz questionar OUAT em vários aspectos. Será que
essa foi a mesma equipe que trabalhou no começo da temporada? Onde estavam
essas ideias e dinâmicas lá? Eu não consigo ver nenhuma. Tudo bem, vamos
realmente virar a página e deixar de lado aqueles momentos de dor e sofrimento
e olha que temos um parto a caminho, dor e um bocado de sofrimento deverão ser
algo recorrente nos próximos episódios. O que eu quero dizer, sem muita
divagação é que a série conseguiu passar em um único episódio elementos que
fazem parte da cartilha de um desfecho de temporada.
Entendo que muitas pessoas acabem reclamando eventualmente
de que a série recorre a muitas muletas, tais como a magia. Em uma série que
gira ao redor de contos de fadas, isso é aceitável. Existem deslizes? Claro.
OUAT não é perfeita (poucas séries realmente são), mas os momentos que vivemos
são recompensadores ao ponto de ofuscar alguns erros. Erros como o tratamento
dado a Aurora e Philip. No momento em que Zelena os transforma em macacos
ninguém mais deu a mínima, simplesmente voltaram as atenções para a bruxa e
fim. Pior ainda para a Belle, que de tão insignificante nem mesmo foi
paralisada. Isso sim é ser menos do que nada.
Outro ponto a ser considerado: Na review passada eu levantei
a pergunta a respeito do coração, ou da capacidade de amar sem ele. A série já
respondeu essa pergunta, na realidade, alguns de vocês conseguiram educadamente
expor o porque dela ser capaz. Sem coração Regina sente, mas não com
intensidade. Imagino que seria algo parecido a viver sem ver as cores. Certo? O
que também mostra o motivo pelo qual Cora fez tudo aquilo, uma pessoa que não
sente nada não poderia ser tão motivada, né?
Vou repetir quantas vezes for necessário, Regina é o brilho
de Once Upon a Time. Emma que é a protagonista está (para o orgulho dos papais)
se tornando cada vez mais uma personagem burra, simplesmente incapaz de ver
além de sua visão limitada das coisas. Dizer ao Killian que não pode mais
confiar nele e utilizar como justificativa o fato dela ser a pessoa que deveria
proteger o filho é honrar as raízes e se posicionar como uma verdadeira
Uncharming. Queria a vovó lá para virar os olhos de descontentamento com ela,
da mesma forma que eu fiz. Mas esse também foi um momento do episódio para
responder a pergunta que todos nós estávamos fazendo, a origem da poção que
Hook deu a Emma. Esse foi o ponto final digno do Neal, sua morte (no mundo
real) não chegou perto ao verdadeiro heroísmo de sua atitude no Reino
Encantado. Quem espera sempre alcança e nunca pensei que Neal me faria dizer
isso.
Existe toda uma poesia por trás desse episódio em que
colocam Regina no lugar que um dia Emma ocupou. Ninguém mais terá o direito de
questionar o posicionamento da finalmente, ex-rainha má. Quem quebra a maldição
é ela. Contudo, esse artifício a série não poderá utilizar mais. A partir do
momento em que as coisas voltarem a se tornar praticamente as mesmas, tudo passará
de inteligência e homenagem, e cairá em reciclagem de tramas. Quero acreditar
do fundo do meu coração que estamos acompanhando um caso de “destino”. Já que
diversas vezes a série brincou com essa ideia de que os feitos dos filhos são o
reflexo das atitudes dos pais. O trabalho executado com essa temática até agora
foi muito bom, mas para o bem da série ele deverá terminar nesse episódio
mesmo.
A série precisa ir além. OUAT precisa de toda forma
encontrar seu balanço e conseguir passar uma boa temporada sem que essa seja
praticamente uma cópia carbono da primeira. Os desfechos foram completamente
diferentes, mas se formos ver bem, tiveram as mesmas motivações. Além do mais,
os ombros mais fortes da série continuam sendo o de Lana Parrila e Robert
Carlyle e por mais que eu ame os dois, imaginar que um dia um dos atores possa
querer trilhar outros rumos e abandonar OUAT é preocupante. Se isso de fato
vier a acontecer, quem poderá carregar a carga da série? Parte dessa culpa é
dos redatores que acabam transformando todos os outros personagens em apoio.
Mas também é mérito dos dois por possuírem tanto talento e presença, lógico. E
esse é apenas um momento de preocupação de alguém que quer OUAT por pelo menos
mais dois anos.
Algo que enfatiza bem essa dinâmica ótima da série é ver que
todos os maiores sentimentos de perda nesse episódio foram direcionados ao
David. Passei alguns minutos atrapalhado imaginando o que viria a acontecer, já
que o coração dele era o elo para a nova maldição e ele estava lá, todo garboso
ao lado da Snow. Dividir o coração foi uma das sacadas mais inteligentes da
série. Sim, foi e é melhor aceitar porque eu acredito que vá doer menos assim.
Durante três temporadas vimos uma relação inteiramente baseada em amor, puro
(entediante as vezes) e verdadeiro. Acreditar que esse é o único casal da série
que pode dividir o próprio coração é bem fácil. Só que, não quero ver
acontecendo novamente. Afinal, tivemos entre Snow e Charming uns 30 anos de
amor até chegar nesse ponto, certo? Um casal que passou por tanto pode se dar
ao luxo de viver bem com meio coração e por mais fofos que Regina e Robin
sejam, eles ainda não chegaram lá. Mas estou ansioso para o dia em que Outlaw
Queen atingirá o ponto de casal de contos de fadas.
Imaginem meu alivio quando a memória de todo mundo foi
restaurada. Pensei mesmo que só teríamos a resposta lá no final da temporada.
Porém, como a série se dividiu em dois arcos, continuar com esse segredo não
seria um empecilho. Essa é a verdade, menos episódios tendem a nos dar pouco
espaço para achar a trama arrastada. Dão também menos espaço para acharmos
Henry chato.
Ainda existe mais por trás da história da Zelena, como a
Glinda frisou. O que é muito bom, devemos no próximo episódio ver como as
coisas se desdobraram entre essas duas amigas e finalmente poderemos entender
qual caminho a bruxa verde trilhou até chegar onde está. Isso é fundamental.
Zelena é uma das melhores vilãs que surgiram em OUAT depois que Regina perdeu
esse lado totalmente maléfico (só o lado, os vestidos continuam impecáveis).
Também espero ansiosamente para saber o que a bruxa boa quis dizer com “magia
focada no medalhão”. Zelena já tinha poderes desde criança, o que me leva a
entender que em algum ponto da história ela acabou se descontrolando e
precisando de algo para conter esse poderio. Por isso, antes de erguermos
nossas tochas, vamos aguardar o episódio da semana que vem que deverá colocar
finalmente todos os pontos finais nessa trama e abrir o caminho para uma season
finale que promete.
Ps. O puteiro tocando, bola de fogo voando, macaco voador
virando pó e o Henry comenta sobre o que? A espada. Esse menino não tem jeito.
Ps². Regina lutando contra os sentimentos durante a despedida
da Snow e do Charming. Um momento pra eternizar.
Ps³. Mais uma vez o Hook deixando claro que só os lábios
estão amaldiçoados. Emma, não seja boba menina, aproveite os outros 99% do
corpo do rapaz.
Ps4. As pombas do reino encantando fazem bico no final de
semana entregando pizza. Força pra isso elas tem.
Ps5. Por um momento pensei que a Glinda na verdade fosse a
feiticeira das Crônicas de Nárnia.
Ps6. “Da onde você vem às pessoas tomam banho no rio e usam
pinha como dinheiro”. Alguém dá uma série só pra Regina?
Ps7. Menção a Game of Thrones no episódio com a placa da
única floricultura de Storybrooke dizendo “Game of Thorns”.
Ps8. Snow e David foram responsáveis pela atitude mais
inteligente do Reino Encantado. Caiu da cadeira? Eu ainda estou no chão.