Um episódio para tirar todas as nossas dúvidas.
No episódio dessa semana fomos apresentados a uma amarração
bem feita dos eventos Uprising e de bônus as respostas para todas as perguntas
que não foram respondidas em Turn, Turn, Turn. MAoS está mostrando bem que não
veio para brincadeira e que ser parte de um universo tão vasto quanto o da
Marvel não é uma tarefa fácil, demanda esforço e principalmente, paciência e
organização.
Mais do que apenas uma base secreta, todo o clima remeteu ao
completo isolamento que nossos agentes estão precisando passar após o
renascimento da Hydra e a queda da S.H.I.E.L.D. Providence não é apenas um
nome, mas sim a exemplificação da própria alma desse time que está sendo guiado
pela figura divina de Nick Fury. Sim, o personagem é egocêntrico e foi dessa
forma que vi Coulson o tratando, como um emissário dos deuses, não apenas um
agente. Providence significa uma manifestação que guia seus fiéis para a
bonança. Acho inteligente a série tratar Nick Fury dessa forma, por que de um
jeito ou de outro, é assim que ele se vê e é visto por muitos.
Até mesmo a comédia e os momentos de alivio cômico tem seu
embasamento. Não podemos nunca nos esquecer que Coulson é o homem que guardava
no armário figurinhas vintage do Capitão América. Piadas as vezes bobas e até
mesmo cafonas (para alguns) não fazem da série ruim, ou desses momentos
dispensáveis, eles delimitam o tipo de produção que estamos acompanhando. Se
você não consegue se relacionar com o ar mais leve de MAoS, talvez ela não seja
para você, por que eu não vejo a Marvel se desvencilhando do humor tão cedo.
Para acompanhar Agents of S.H.I.E.L.D. é preciso sim se desfazer de algumas
ideias pré-concebidas a respeito do que uma série de super-heróis baseada em
quadrinhos deve ser. Sei que muitos preferem endeusar o método Nolan de
trabalhar heróis, mas essa nunca foi e imagino que nunca será a temática da
série. É preciso diversificar e existe espaço no mercado e na minha prateleira
para todos os tipos de abordagem.
Notei que ultimamente MAoS tem cada vez mais abusado na
quantidade de personagens saídos dos quadrinhos, nas referências e easter eggs.
Isso só mostra exatamente o que a Marvel pretende com ela. Tenho lido em alguns
lugares que talvez Agents só tenha sido planejada para uma temporada e não
consigo concordar. Apesar de achar estranho a ABC não ter renovado a série
ainda, vejo essas referências e citações como a inclusão dela ao universo
Marvel, não o oposto. Seria de enorme burrice termos tantas informações discretamente
adicionadas, já que essas morreriam rapidamente sem a série no ar.
E por falar nesses personagens, que ótima ideia colocar
Adrian (Nathan Petrelli) Pasdar para interpretar o coronel Talbot. Nos
quadrinhos ele é o arqui-inimigo do Hulk. Aqui não ficamos restritos a isso,
Talbot deverá dar ainda muito trabalho para os nossos “agentes do nada”. Mais
do que isso, mostra que a partir do momento em que a S.H.I.E.L.D. é proclamada
uma agência terrorista, não teremos apenas a Hydra como pedra no sapato, mas
sim todo o governo dos Estados Unidos, até por que esse também está ao alcance
dos seus tentáculos.
Falando no “big picture” o que vocês acham que está guardado
no O Cubo? Eu imagino que seja um alien. Obviamente a série tem agido como
ponte entre cinema e Tv, não seria estranho ver uma ligação com Guardiões da
Galáxia por perto. Já vimos o alienígena azul e a atriz que interpreta a Skye
confirmou que ele era um Kree. Será que dentro do Cubo está Noh-Varr, o Marvel
Boy? Me perdoem, mas seria demais para mim. Também poderia significar a
transformação de Skye em Ms. Marvel. Esse tipo de teoria é pra fazer qualquer
fanboy umedecer.
Só fiquei um pouco assustado com a série por que ela não demonstrou
esse ritmo tão frenético. Julgo que esse primeiro evento tenha sido uma das
coisas mais bem pensadas até agora para uma série de super-herói, realmente,
você consegue ver e sentir o desespero dos personagens e a sensação de
abandono. A peteca não caiu e tudo caminha para um season finale de explodir
cabeças.
Uma das características que eu sempre valorizei muito nas
séries do Joss Whedon é a capacidade que ele tem de conseguir utilizar seus
vilões da mesma forma que utiliza seus mocinhos, nos conectando a eles, todos
são de certa forma carismáticos ou detestáveis, você sempre consegue sentir
algo. Tudo bem que MAoS o tem apenas como produtor e consultor, mas seu filho e
sua nora estão lá, mostrando que os dias de jantar em família foram muito bem
aproveitados. Gosto muito de toda essa preocupação em humanizar Raina e passar
toda a volatilidade de Garret e seu pupilo Ward e também por não terem
abandonado a premissa original do Clarividente, descobrir como Coulson voltou a
vida.
Falando no ex-agente e atual traíra, acho que não restam
dúvidas a respeito do que Ward realmente é. Enquanto pensávamos que ele estava
apenas atuando para conseguir derrubar a Hydra, ele estava desde o começo
infiltrado na S.H.I.E.L.D. e passando informações importante para o Garret. Só
eu quis socar a cara dele quando o Garret agradece pelas informações a respeito
da tocadora de violoncelo do Coulson? Além do mais, a quantidade gigantesca de
agentes que ele matou não condiz em nada com algo que o Coulson “boa praça” o
mandaria fazer, a personalidade dele não permitiria deixar o agente chegar tão
próximo ao precipício.
Foi interessante ver que apesar de ter uma afiliação
diferente na série, Garret ainda é um pouco fiel a sua contraparte nos
quadrinhos. Lá ele é meio homem e meio ciborgue e aqui já vimos parte de sua
prótese. Isso também nos mostra que ele teve participação ativa na
transformação de Mike em Deathlok. Outro ponto importante no episódio e nesse
grupo de vilões é ver que estamos bem próximos da libertação do Dr. Franklin, o
Graviton, preso dentro do gravitorium lá no começo da série no episódio número
3 ‘The Asset’. Mais uma vez Agents amarra com maestria todas as pontas soltas
desde sua estreia.
Algumas vezes li algumas pessoas dizendo que: “Se MAoS está
tão boa, por que ela não começou com esse ritmo e só melhorou depois de 11
episódios?”. Acho que muitas dessas pessoas não estão reconhecendo o trabalho
que vem sendo feito até agora e toda essa progressão. A Marvel tem 60 anos de
histórias em quadrinhos, com personagens morrendo, ressuscitando, terras
paralelas, reboots e tantas outras informações no mínimo, confusas. Tanto que o
discurso emocionado do Coulson foi a exemplificação dessa história, de tudo o
que eles passaram juntos e fizeram. Agents condensou em 10 episódios uma
história mais lenta, porém com um propósito. E o que estamos vendo agora é
consequência direta a tudo o que foi apresentado no começo da série. Por isso,
parabenizo mais um episódio da série que não abaixou o ritmo e conseguiu passar
emoção e ação na medida certa. Quem mais não se maravilhou com a entrada do
Ward na base secreta e a possibilidade tanto para ele quanto para Skye
colocaram um ponto final nessa relação? Eu estou ansioso e querendo mais. E só
para não deixar passar batido, as relações entre nossos mocinhos estão cada vez
mais complexas. Simmons toda saidinha para o agente Triplet e Fitz com ciúmes
foram só a cereja no topo do bolo. Mas ainda estou um pouco chateado com o
tratamento que a May vem recebendo, isso me cheira a personagem próximo da
morte.
Easter Eggs
- As coordenadas passadas no distintivo do
Coulson poderiam ser uma
referencia ao Motoqueiro Fantasma da terra 928. 49 27 41 –
80 3 40 são coordenadas para Cochrane – Ontário. O motoqueiro dessa terra se
chama Kenshiro Cochrane.
- Outra possível homenagem ao personagem foi a participação
do agente Kaminsky no episódio. Len Kaminsky foi o criador de Kenshiro Cochrane
em Motoqueiro Fantasma 2099.
- Quando o Ward fala do prisioneiro com patas de leão ele
está se referindo ao vilão Griffin.
- Durante a fuga dos prisioneiros Garret liberta um homem e
diz: “Não se esqueça de seguir seus sonhos”. Segundo a Marvel essa foi a
primeira aparição do vilão Marcus Daniels, o Blecaute. O personagem tem o poder
de sugar a energia de qualquer coisa a sua volta.
- A expressão “agentes do nada” surgiu durante a saga Secret
Warriors.
- O agente Eric Koening, guarda da estação secreta do Nick
Fury apareceu nos quadrinhos como agente infiltrado na H.A.M.M.E.R. de Norman
Osborn.
- Koening diz que está isolado desde a invasão de Nova York,
aproximadamente dois anos e meio.
- Coulson, Koening, Maria Hill, Capitão América, Viúva Negra
e Falcon são os únicos que sabem a verdade a respeito da não morte do Nick
Fury.
- As janelas enfeitadas na base são as mesmas imagens utilizadas
nas memórias implantadas do Tahiti na mente do Coulson.