Mantendo a tensão em alto mar e fora dele.
Nem parece que a duas semanas atrás eu estava aqui
reclamando de Black Sails por ela não ter um ritmo bom o suficiente. Nesse
episódio o ritmo foi bom em todos os grupos. Piratas em terra firme ou alto mar
conseguiram manter uma dinâmica boa, que apesar de ser separada por quilômetros
de água salgada conseguiu conversar bem entre si.
Mesmo que ela tenha brincado com nossa moral ao mostrar que
a rebelião de escravos é boa, por que racismo e escravidão são ruins e feito
exatamente aquilo que eu disse na review do episódio passado, eu entendo
completamente o caminho que a série está seguindo. Ainda não me satisfaz
completamente, já que nos força a moralmente aceitar o que vem acontecendo, mas
me agrada.
Quando a série impõe esse tipo de dilema filosófico fica bem
claro que ela está decidindo por nós se iremos gostar desses piratas ou não.
Uma rebelião de escravos dentro do navio sendo libertados pelos piratas do
Flint pesa a mão em nossa escolha de vê-los como vilões ou mocinhos. Afinal, o
que nós e as pessoas de Nassau iremos dizer quando Flint chegar na ilha com
esse peso no ombro? Será que iremos reclamar desse mesmo capitão que a não
muito tempo estava manipulando e mentindo para praticamente todas as pessoas da
ilha? Perguntem para o Billy. A verdade é que a amoralidade de Flint daria uma
review de pelo menos três páginas.
E essa abordagem é eficaz. Pode ser chamada de golpe baixo,
por que imaginem como seriam as coisas se naquele navio não existissem cativos?
Nós estaríamos vendo nossos protagonistas roubar e matar por pura ganância e
então passaríamos a ter a vida de vilões, pura e unicamente. Sem essa muleta moral Black Sails se perderia
no mar de negatividade. E isso não seria completamente ruim. Moralmente?
Talvez, mas não completamente ruim.
Outro ponto que eu não achei bom e justifica todas as
torcidas de nariz que eu dei para a série desde que li sua sinopse são alguns
personagens. Quando a série se firmou como prequel de Treasure Island, algo
ficou bem óbvio, Flint, Billy e agregados que saíram das páginas da fantasia
não iriam morrer tão cedo. Ou seja, a despedida “sentimental” dada a Billy não
serve de nada, já que ele é uma figura cativa em Treasure Island. Billy precisa
estar vivo para daqui 20 anos Jim Hawkins possa encontrar o mapa do tesouro
escondido de Flint.
Se estivéssemos acompanhando personagens reais, como a Era
de Ouro da Pirataria fabricou aos montes ou até mesmo um personagem novo inventado
para a série, as coisas poderiam ser diferentes. Essa pequena derrapada não
compromete já que ninguém realmente acredita que ele tenha morrido, mas corta
um pouco o clima. A única coisa boa da “morte” do Billy é imaginar que seu
retorno poderá ser o responsável pela queda da imagem perfeita de capitão
exemplar que o Mr. Gates possuí de Flint. E se isso não for o suficiente eu
irei logo chutar o pau da barraca e dizer que Gates provavelmente tem um baú
com chumaços de cabelo e pedaços de roupa banhadas em suor do capitão. Só amor
justifica essa cegueira toda.
Entretanto, vejo que já existe o primeiro plot que me
desagrada. A Sra Barlow e Flint são tão parecidos, que eu as vezes acho que os
dois são uma pessoa só. A mulher é tão manipulativa que levou o padre a cometer
o pecado da carne só para ter alguma
vantagem sobre ele. Afinal, não consigo acreditar que ela queira trair Flint.
Se esse fosse o caso por que ela escreveria uma carta tentando amenizar a
situação do capitão? Não compro. Suas atitudes são sua vantagem, mas o ar de
perdida e sem nexo são tão grandes que eu não simpatizo nem um pouco com nada.
Nada do que acontece quando o foco é desviado para aquela mulher nem um pouco
misteriosa é interessante, quebra o ritmo bom do episódio e ainda nos deixa com
um gigantesco ponto de interrogação na cabeça.
Outra personagem que perdeu muito desde o começo foi Max.
Pobrezinha, terminou exatamente onde tinha começado no começo da série, só que
sem as vantagens (aparentemente). Ainda acredito que ela possa se tornar
futuramente a esposa do Silver. Historicamente isso aconteceu, porém, a nova
ex-escrava/rebelde também pode indicar essa previsão. Mas isso dependerá de sua
inclusão na trama.
Agora que entramos no outro lado da história, preciso
comentar que Boony e Eleanor fizeram a dupla mais perigosa da série até agora.
Passaram um ar de ameaça mais forte do que todos os piratas da série. Nem mesmo
Vane impõe respeito como as duas mulheres impuseram. Oito homens pereceram
graças as maquinações das duas, que queriam apenas libertar Max do loop de
estupro e violência. Ou seja, já passou da hora das duas montarem sua própria
gangue e reinarem em toda Nassau.
Todo esse planejamento serviu também para marcar Silver como
o personagem que melhor e mais fiel se manteve durante os seis episódios já
exibidos até agora. Sua personalidade ainda se mantém intacta, assim como seus
desejos. Mesmo ele estando preso na ilha e sem participar da ação, sua faceta
permanece a mesma.
Um ponto ruim foi Anne ter rejeitado Max. Mas é até fácil de
entender. A garota provavelmente estava mais esticada do que camiseta de
propaganda política depois da terceira lavagem. Porém, isso acabou quebrando um
pouco minha expectativa de ver as duas fazendo o Boomax, nem que seja por um
episódio só.
E por falar em casais, Calico Jack e Boony foram mesmo um na
vida real. Um casal de botar medo em tudo e a todos. Só que a série acabou
tomando uma liberdade muito grande a modificar a personalidade do Jack. Ele foi
o homem responsável por depor o capitão Vane de seu próprio navio, não Eleanor.
Foi graças a Jack que eles conseguiram atacar um grande navio francês enquanto
o capitão Vane se acovardava. Aqui, a série o coloca como um diplomata mais do
que como um líder. Se é para Boony não ficar com Max e sim com Jack, que seja
da forma como a história conta, como um casal de botar medo. Será que os
personagens de Black Sails se manterão fiéis a história? Será que
acompanharemos essas transformações? Isso eu nem arrisco dizer.
VI foi bom, manteve uma aura de tensão muito grande. Quando
o foco mudou dos piratas em alto mar para Eleanor e Boony, a tensão prosseguiu
firme e condizente com tudo o que vinha acontecendo e a única reclamação é
mesmo para com a senhora Barlow. Só existem mais dois episódios até o final da
primeira temporada, tempo necessário para prepara tudo para a perseguição ao
Urca de Lima, mesmo que o próximo episódio seja centrado em escapar do
Scarborough. Quero muito saber como a série irá lidar com esse pouco tempo que
tem em mãos e se ela conseguirá nos manter intrigados e interessados em piratas
por mais tempo.
Mapa na garrafa: Padre, era uma corrida que o senhor estava
apostando? 3 segundos deve ser estabelecido como novo recorde mundial.
Mapa na garrafa 2: Se o Flint não é um jedi, tenho certeza
de que toda a embarcação do Scarborough é. Eles
conseguiram encontrar os dois navios durante a noite. Uma coisa é saber que
eles estão no oceano, outra coisa é os encontrar sem ter ideia de onde possam
estar. O mar não é uma rua, os banhistas não são os pedestres e os navios não
usam nenhum aplicativo de localização por GPS.
Mapa na garrafa 3: O homem misterioso que
Vane encontrou é o Barba Negra ou um personagem perdido de Vikings? Estou com
dúvidas.