Série boa é série que se arrisca.
E Sleepy Hollow se arriscou de
uma forma que eu nunca imaginei que ela faria. Sanctuary entra então no meu top
de melhores episódios da série, fácil. Mas ainda ficou um gostinho amargo na
boca depois que toda a loucura abaixou e eu consegui pensar um pouco. Sabe
quando você tem a sensação de que o episódio está fora da ordem normal? Foi um
ótimo episódio, mas teria sido excelente se ele tivesse sido exibido antes da
captura do cavaleiro.
Tudo o que aconteceu na casa
amaldiçoada foi interessante, mas teria dado uma urgência maior se tivesse
vindo antes. Simples assim. Essa pequena mudança não teria alterado em nada o
que vimos em Midnight Ride e Necromancer, para mim, teria sido até melhor.
Imaginem Ichabod descobrir que a esposa estava grávida e que por causa do
cavaleiro ele não pode viver a vida da forma que sonhou? Isso sim justificaria
também o motivo pelo qual ele estava tão explosivo no interrogatório do
episódio passado.
Infelizmente, decidiram colocar
Sanctuary como nono episódio. Mas se desprezarmos isso, podemos elogiar e muito
toda a ousadia dos redatores. Imaginar que depois da revelação e da carga
emocional de Necromancer que a série conseguiria impor mais sofrimento nas
costas dos nossos protagonistas, complicar muito mais tudo o que já está
acontecendo e ainda nos estarrecer é mostrar o motivo pelo qual Sleepy Hollow
tem tanta qualidade no rol das séries sobrenaturais.
Mais divertido ainda é notar o
quão safadinhos são os redatores que decidiram colocar o nome da personagem que
gera toda a investigação como Lena Gilbert, fazendo toda aquela referência a
The Vampire Diaries e sua personagem principal, Elena Gilbert. É muito falta de
vergonha na cara, né? Mas no bom sentido, lógico. Esse humor que passa do sútil
pro exagerado é uma das características que eu mais gosto na série. De Lena
Gilbert a considerações valiosas sobre o tradicional jantar de ‘Thanksgiving’,
Sleepy Hollow vai construindo essas tradições de nos chocar e nos fazer rir
tudo em quarenta minutos.
Se formos então considerar toda
a loucura de antes, era de se esperar que a série fosse diminuir o tom, brincar
um pouco com um monstro da semana, mas não é essa a Sleepy Hollow que
conhecemos. Logo, o que começou como um “filler” pra abaixar o fogo da
temporada enquanto nos preparamos para a reta final, acabou se transformando em
um episódio essencial para a história central da série. O foco era a casa? Era.
Mas isso acabou se tornando meramente um detalhe.
Mais uma vez os flashbacks
foram utilizados para justificar o que estava acontecendo no tempo presente e
preciso dizer que eles ainda não começaram a me cansar, mas temo pelo dia em
que eles irão. A sua utilidade para a história vai se mostrando um pouco turva
e sem necessidade até que a gravidez de Katrina é anunciada. Uma boa ideia
também amarrarem Abbie a Ichabod de um jeito a impedir que Moloch não faça com
que o destino dos dois juntos perca importância. Dessa forma, Sleepy Hollow
mostra que não está disposta a perder tempo.
E também não foi perdido tempo
em nos dar alguns tabefes no rosto e nos dizer que não adianta, por enquanto,
ficar fazendo casais que não podem acontecer. Jenny e Irving foi aquele susto,
de repente a esposa e filha do capitão aparecem nos deixando mais assustados
que a pobre top chef Jenny Mills. O que foi aquilo? E logo depois Ichabod dando
uns gelos na Abbie e agora a descoberta do filho. Ou seja, vamos fazer o oposto
que Sleepy Hollow e pisar no freio. Só um adendo, achei um pouco desnecessário
incluir mais personagens a série, mas entendo que todo mundo lá precisa estar
quase perdendo alguma coisa para gerar a carga emocional necessária a conclusão
da temporada. Só que e o Morales? Por onde anda? Imagino que escondido debaixo
da cama com medo do John Cho.
Que maravilha é ver que mesmo
com tudo o que anda acontecendo na cidade, nossos personagens ainda conseguem
agir de uma forma menos clichê. Nada de esconder informações, Abbie foi bem
direta com Ichabod e já anunciou que ele teve um filho com Katrina. Isso não só
foi muito bom para o final do episódio, com mais uma vez, vimos Ichabod
demonstrando que sua paciência é bem curta e menor ainda seu pavio. Nosso herói é capaz de tudo para proteger sua
família, e agora Abbie é parte dela de uma forma que nem mesmo eu imaginei que
fosse possível, já entendo o recado bem efetivamente.
Também precisamos dar um
parabéns especial para a equipe de efeitos da série. A casa assombrada foi algo
bem simples, uma casa caindo aos pedaços, mas os efeitos deram todo um ar
crível a tudo. As cenas em que a luz começava a oscilar e o momento em que os
três personagens estavam fugindo do monstro mandioca foi agonizante. Tanto que,
eu relaxei os músculos do corpo quando eles saíram de dentro da parede e mais
ainda quando saíram de dentro da casa. É esse tipo de sensação que eu quero
quando assisto a uma série.
E se você estava acostumado com
árvores benevolentes ao estilo Senhor dos Anéis, sinto dizer, nosso Barbárvore
é bem mais violento e sanguinário do que o esperado. Sua presença no episódio é
bem explicada, ele foi enviado lá para capturar Katrina e possibilitar que o
“prêmio” do cavaleiro sem cabeça fosse guardado. Nenhum mistério aqui.
Logo, todo o episódio foi muito
bem orquestrado e o caminho vai se fechando, assim como o clima para Ichabod,
Abbie, Jenny e Irving. Falta pouco para a season finale e se você está tão
ansioso quanto eu, saiba que o próximo episódio contará com o retorno de John
Noble.
- Os colonos não tinham açúcar para fazer um molho, imagine então uma
torta – Ichabod destruindo o thanksgiving.
- Apesar da nomenclatura do estabelecimento, essa não se parece com
nenhuma comida escocesa que eu já comi – Ichabod sendo preconceituoso com o
Mc’Donnalds.
- George Clooney “Um irlandês?” – Ichabod sendo inglês.