Alerta de Spoilers!
Comecei assistindo Doctor Who depois que todo mundo já tinha se apaixonado pela série, então, nem preciso comentar que minha visão é um pouco diferente da maioria dos fãs. Eu por exemplo, nunca entendi como as pessoas conseguiam criar tantos casais para um personagem que claramente, não foi desenvolvido para isso. Também nunca vou entender por que todos reclamam tanto da idade do Doctor, sendo que suas primeiras encarnações não tinham nada de novinhos gostosinhos e só chegaram lá com o décimo (um pouco) e o décimo primeiro.
Adorei completamente esse especial e fiquei muito feliz com todas as mudanças propostas. Como fã, só consigo ver isso, esse não foi só um especial centrado na cidade "Natal", esse foi o marco do final de uma geração de doctors que começou com o nono. Quando Moffat assumiu a série na quinta temporada, substituindo Russel T. Davies como showrunner, tudo mudou, abertura, clima, mas uma coisa sempre me agradou, a realidade por trás dessa ficção cientifica. Mais do que o especial de 50 anos, esse para mim foi um grande apanhado de homenagens. Lembrei muito o K9 quando vi a cabeça do Cyberman, achei que esse tipo de interação era algo que nós estávamos precisando a um bom tempo.
Várias explicações foram dadas, como por exemplo a explosão da Tardis, que foi uma forma de evitarem que o Doctor alcançasse Trenzalore e libertasse os Time Lords da fenda no tempo. Gostei muito desse aspecto do especial, fechar lacunas. Time of the Doctor é uma despedida, mas também é uma nova fronteira sendo aberta. Tanto, que as várias vezes que isso foi repetido é pra não deixar ninguém com dúvidas. Capaldi marca uma era diferenciada para o Doutor. Assim como Eccleston marcou o começo da nova fase de Doctor Who anos antes. Até mesmo a forma com que utilizaram os misteriosos Silence foi boa. Eles nunca foram realmente uma ameaça e sempre figuraram como um augúrio.
O que vimos foi uma obra de conclusão. Explicando tudo o que permeou essa geração de nono, décimo e décimo primeiro. Ficamos sabendo dos Silêncio, da Kovarian voltando no tempo para impedir o que estava acontecendo lá naquele momento e até a criação de River Song para destruir o Doutor foi citada, amarrando tudo, coisas que nós já tínhamos suspeitado, teorizado e até sonhado com, Time of the Doctor respondeu e fechou esse parêntese na série, ou os vários deles.
A própria transformação foi um ápice de emoção para ser interrompido abruptamente, do nada, lá estava Capaldi. Diferente de Smith, que veio com fogo e uma tardis explodindo pelo céu de Londres, essa encarnação vem de um doutor cansado, por mais de 300 anos em guerra com seus piores inimigos. Imagino que Capaldi será o extremo oposto da brandura de Smith, se parecendo mais com o nono doutor, assumindo esse caráter pós guerra. Será um imenso prazer acompanhar essa nova empreitada até por que, o final indica que ao que parece essa regeneração virá com um custo a ser pago "Como se pilota essa coisa?", nenhuma regeneração se esqueceu como se pilota a Tardis, nem mesmo no ápice da transição. Afinal, não podemos nos esquecer que essa seria a encarnação de um time lord com quase (se não mais) 2.000 anos.
Fiquei com algumas dúvidas, claro, não seria uma série de ficção científica se não houvessem questionamentos, esse é o cerne da ficção, a pergunta. O Doctor, ganhou um novo set de regenerações ou apenas mais uma? Fica um pouco complicado por que todo o discurso do 11th foi o de "novo mundo", mas ele ainda se denominou como 13th doutor, seria essa uma regeneração extra ou reboot? Acho que logo teremos essa explicação, também. Ou eu apenas deveria ter assistido ao episódio mais umas três vezes antes de estar escrevendo essa review, é que não consegui me segurar de ansiedade.
Que doçura foi poder ver aquele chapéu de papel vermelho que o 10th usou em seu natal com a família Tyler, lembram? Ele voando pelo campo no episódio foi uma das coisas que me fez sentir aquele bom e velho arrepio nos pelos do braço. Isso é Doctor Who, uma série que nos faz ter sentimentos dos mais diversos. Podem reclamar do Moffat o quanto for, eu amo a genialidade, simplicidade e crueldade desse homem que sabe fazer histórias, mesmo quando não entrega aquela visão maniqueísta que nós estamos acostumados.
As referências as outras temporadas não terminaram só no chapéu de papel voando, a própria situação em que Clara se encontrou, abandonada várias vezes foi algo que Rose sofreu também em Parting of the Ways. A própria conclusão também, Clara é levada de volta pra casa e quando retorna é completamente relevante para a salvação do Doctor. São as várias faces de um mesmo homem. Quanta poesia, um agrado em um momento tão sofrido para os fãs. As vezes parece que Doctor Who é igual o horário de verão, quando você acostuma, ele muda, com a diferença de que nesse caso, é uma estação completamente diferente, um horário e um ritmo que pouco remetem ao passado, mesmo você sabendo que lá dentro, estão todos os doctors que nós amamos, sorrimos e choramos juntos.
Ps. Se você é fã de verdade da série, você é fã da série e não de uma única encarnação do personagem. Não seja hater, dê a Capaldi uma chance e seja feliz imaginando que em um especial próximo poderemos ter Tennant, Smith e Capaldi todos contracenando juntos.
Ps². Rest Now a música que tocou em Rings of Akhaten tocou durante a regeneração do 11th Doctor.
Ps³. Ficou faltando um pouco mais dos Weeping Angels, mas entendo o quão complicado seria utilizar essas figuras em uma gerra em que todo mundo olha para todos os lados pelo menos uma vez. Seria o stop-motion mais bizarro da história da Tv.
Ps - Bônus: Não se esqueçam, paradoxos temporais sempre são criados e quebrados em Doctor Who, se Clara não pulou na linha temporal do Doctor por que ele não morreu mimimi não se aplica. Ok?
Até Amelia apareceu para dar tchau e comparar a sua peruca a peruca do Doctor.