Quando a proteção vira um perigo.
Contém Spoilers
Criminal Minds continua apresentando
uma temporada constante. Óbvio,
alguns episódios foram melhores que outros, mas no geral, o saldo é
positivo. Gatekeeper tratou
de um assunto que vem sendo constantemente usado nessa nona
temporada. Como disse Tolstoi, todas as famílias felizes
se parecem, cada família infeliz é infeliz à sua maneira,
e Criminal Minds conseguiu retratar isso com excelência.
Foi
interessante ver a forma como construíram os elementos do episódio,
ligando um fato ao outro. O unsub tinha um instinto protetor por seus
vizinhos e matava qualquer pessoa que ele julgasse ser ameaça a
eles. O primeiro passo para desenvolver essa proteção sufocante e
delirada foi quando o unsub perdeu o filho de dez anos. Ele deixou o
garoto sozinho com um amigo por três minutos e quando voltou, o
menino estava inconsciente devido a uma brincadeira que havia dado
errado. O estopim foi ter se separado da mulher. A partir daí, o
unsub aproveitou-se do seu emprego de porteiro e passou a vigiar e
proteger os seus vizinhos.
Só que não era
uma proteção normal. O unsub matava as “ameaças” de forma
semelhante a morte do filho, ele enforcava os suspeitos. E na cabeça
dele, aquilo não era errado porque era uma forma dele se desculpar
com o filho por tê-lo deixado sozinho. E era uma espécie de treino,
de aprimoramento, porque sua ex-mulher estava grávida e ele queria
provar que era capaz de cuidar da criança.
É
bacana a forma como a série conseguiu retratar, dentro dos minutos
que tinha, o declínio da consciência do suspeito. Uma das ligações
mais fortes que temos durante a vida é com nossa família. Ver o
rompimento desse laço foi
culminante para deturpar a personalidade do unsub, ainda mais porque
ele se via como culpado.
Reid
foi um dos destaques de Gatekeeper.
Nosso gênio é uma caixinha de surpresas. Foi sensacional vê-lo
como parteira. Mais incrível ainda é saber que ele só memorizou o
manuel de nascimento por causa da JJ, por ter medo que ela entrasse
em trabalho de parto no meio de uma investigação. No meio de tanta
crueldade, é bonito ver esse companheirismo dos agentes.
Aliás,
a série vem evidenciando bastante a união da equipe. A relação
entre os agentes não é apenas de trabalho, é bem mais do que isso.
Eles são uma família, eles se apoiam um no outro. É
delicioso ver todos se divertindo depois de uma estressante caçada a
um serial killer, com direito até ao Hotch esbanjando sorrisos. Tem
como não amar?
9.08 - The Return
“Quanto maior é o poder, mais
perigoso é o abuso”. – Edmund Burke
Algumas pessoas veem a vingança como
forma de justiça, uma justiça fria e cruel. O pensamento mais comum
é o de que você finalmente encontrará a paz e terá sua honra
restaurada, mas, na prática, não é bem isso o que acontece. A
vingança não vai numa única direção. Ela pode, inclusive,
voltar-se contra a pessoa que a praticou. No final, quem busca
vingança não sairá ileso de todo o processo.
The Return demonstrou bem isso.
Um policial que foi delatado por um outro colega de profissão anos
atrás volta para colocar sua vingança em prática. Para ele, todos
os policiais do departamento de Chicago são traíras e merecem
morrer. Confesso que as vezes fico abismada com os delírios que
acometem os unsubs. Sim, porque o que esse cara estava fazendo era
algo assustador. Ele perdeu toda a noção de humanidade.
Como se não bastasse todo o ódio que
ele nutria pela polícia de Chicago, o unsub ainda sequestrava
crianças e as submetia a um tratamento cruel. Ele fazia uma espécie
de lavagem cerebral nelas, transformava-as em robôs, tudo porque ele
precisava de servos fiéis e que não se desviassem do objetivo. Tem
que ser extremamente insano para ter a capacidade de sequestrar e
torturar crianças indefesas.
O único ponto negativo em The
Return foi a facilidade com que prenderam o unsub. A expectativa
que a série criou foi muito grande. Desde que prenderam o
adolescente que estava pronto para atirar em sabe-se lá quantas
pessoas, todo o episódio começou a ficar muito tenso. Quando a
mulher bomba entra no departamento de Chicago, ameaçando detonar os
explosivos a qualquer momento, o ambiente era de total aflição. Em
vez de diminuírem isso gradativamente, a série quebrou de uma vez o
clima de apreensão, o que me fez olhar com uma tremenda expressão
de dúvida pro episódio. Foi muito ansiedade para que se
desenrolassem algo complicado, porque a proposta era essa, mas as
coisas acabaram sem maiores dificuldades.
Eu gosto bastante quando a série
resolve explorar o ponto fraco dos agentes, mesmo que de forma
extremamente sutil, como foi nesse episódio. Com certeza, o que mais
deixa nossa queridíssima JJ baqueada no campo é quando temos
criança envolvidas nos casos. A cena dela perguntando o nome do
garotinho e ele respondendo como se já fosse um soldado foi
excelente. Ali foi possível ver toda a vulnerabilidade da agente. E
sem duvidas, JJ foi a personagem que mais cresceu em todos esses anos
de Criminal Minds. A evolução da personagem foi magistral.
Outra coisa que já virou marca da
série e é uma das coisas mais deliciosas de se assistir é o
relacionamento do Morgan com a Garcia. Os dois nos proporcionam, em
meio a tanta turbulência, diálogos leves e incríveis. E isso é
bom, tira toda aquela carga negativa que os casos nos transmitem.
E ai, o que vocês acharam desses
episódios?