Devorando
seus pecados com pão.
Alerta de Spoilers!
A
espera foi longa, mas Sleepy Hollow voltou com episódio meio morninho e que
totalmente valeu a pena por ter John Noble como um devorador de pecados com
cabelinho estiloso e timing perfeito. A série ainda está caminhando para
conseguir firmar seus pontos fortes e se distanciar de seus pontos fracos,
dessa vez, foi mostrado que não é preciso ação desenfreada para nos entreter e
que uma boa história compensa pela falta de tiros e pontapés.
É
bem normal para séries estreantes às vezes mudarem o tom drasticamente, essa
fase de adaptação é um tipo de teste com a audiência, tentando descobrir aquilo
que o público aprova e aquilo que ele não é muito fã. Logo, não é de se chocar
que as coisas no final venham aparentar certa instabilidade. É meramente nossa
fase de crescimento, a série vai aos poucos acertando o passo em cima de
pequenos detalhes que fazem toda a diferença para o tom. Por sorte, Sleepy
Hollow já descobriu muito dos seus pontos fortes, só precisamos dar umas
aparadas nos fracos.
Katrina
é uma boa personagem, até gosto dela e também acho que ela e Ichabod tenham uma
química muito boa como casal. E isso, por que ainda nem tivemos um relance de
como os dois eram enquanto apaixonados, apenas vemos uma grande cumplicidade
entre ambos. Só que, nessa semana ela acabou quebrando um pouco o ritmo de
urgência que o episódio queria passar. Nós já sabemos que Ichabod não vai
morrer tão cedo, o brilho de Sin Eater
não é a antecipação da ameaça, mas sim a utilização de nosso querido John
Noble.
Mas
essa é a função da bruxa, suas aparições servem para conectar Ichabod ao
passado, trazer Abbie para os perigos do futuro e nos dar um senso de união.
União que foi todo o pano de fundo desse sexto episódio. Quer seja por parte
dos maçons ou da união de Ichabod e seu coração enquanto um insurgente, Sin Eater não é apenas para molhar o pão
no pecado alheio, é para unir todos os personagens debaixo de uma bandeira só,
a revolução contra o apocalipse. E mais uma vez, Icky está no meio desse
embate. Só que agora ele não está mais vinculado ao cavaleiro sem cabeça. E só
por já terem sanado esse arco, eu já qualifico com saldo positivo.
Se
eu pudesse escolher entre o trio de mulheres, Jenny, Abbie e Katrina, eu logo
de cara riscaria Katrina. Apesar de todo meu amor pela ruivinha, as duas irmãs
já dominaram meu coração e o que eu sinto é que a bruxa está aqui apenas para
ser riscada logo a frente. Katrina é o cordeiro do sacrifício. Sua utilidade é
essa, padecer em prol do bem maior, assim como Ichabod estava prestes a fazer
(e fez). Não dá para ver outro futuro para ela em uma série que já tenha outras
duas figuras femininas tão fortes. Jenny é ótima, melhor que a irmã, aqueles
olhos esbugalhados são todo um charme a parte.
É
nesse ponto que eu me foco quando as três aparecem no mesmo episódio. A força
na interação dessas personagens com qualquer outro é muito peculiar. De um
momento leve no começo com Abbie ensinando a Icabod os prazeres de gritar para
um esporte, até a cena do mandato na porta de Henry, todas as interações entre
essas mulheres é boa. Mas o espaço não é tão grande assim, alguém vai precisar
sair. Quem será? Já que Katrina já está no limbo, ela bem que podia ir pro
próximo estágio espiritual. Né?
Agora,
me dedicarei a comentar a presença de John Noble na série. Eu já sabia que ele
estaria nesse episódio, por isso, fui esperando um momento memorável. Essa
antecipação foi muito grande, especialmente para mim e todos os outros que acompanhavam
Fringe semanalmente e comemorava a cada renovação da série. É fato que o ator é
esplêndido, quem acompanhou a jornada de Walter Bishop irá concordar comigo, o
domínio e a presença que ele tem suga todas as atenções para ele, facilmente.
Mas como um bom ator, sua presença foi super dosada em suas aparições. A série
ainda não é dele, deveria, mas não é. A presença do devorador de pecados é uma
salvação ao nosso herói que está na zona de morte, mas não tira o brilho de um
personagem com potencial gigantesco para aparições futuras.
John
é nobre (com o perdão do trocadilho) e soube conduzir a cena sem roubar o palco
para si, mesmo nosso foco estando totalmente lá. Ele literalmente come o
pecado. Enquanto eu e você passamos manteiga ou geléia em nossos pães, Henry
Parish molha na massa negra de pecado alheia e santifica a pessoa no processo.
Confesso que a partir de agora, comerei meu pão puro, nada mais poderá se
igualar a tão grandiosa façanha. E esse personagem tem todo meu amor, desde já.
Eu aceito que Jonh Cho não apareça mais com seu pescoço retrátil, mas
dificilmente aceitarei que Henry Parish tenha sido uma participação de um
episódio só.
Assim
como a adição dos maçons e a explicação do motivo pelo qual Ichabod se juntou a
revolução, esse episódio foi galgado em uma bela demonstração de que a inclusão
de tramas em uma história que basicamente já está desenvolvida pode ocorrer com
fluência e sem maiores prejuízos.
Para
mim, esse foi um episódio mais morno e compreendo muito bem. A tensão aumenta
no mesmo ritmo que a história se desenvolve. O cavaleiro, que era apenas uma
ameaça no final do episódio passado, agora já é uma realidade para o próximo.
Vamos ver como será a interação entre Abbie, Ichabod e os maçons. Outro aspecto
que a meu ver, só tem a acrescentar.
Ps.
“Existem duas coisas que você precisa segurar pelo máximo de tempo na vida,
virgindade e ceticismo”. Sleepy Hollow, escola da vida.
Ps².
Mais um demônio pro nosso bestiário. Pena que não mencionaram o nome.
Ps³.
Abbie se controle, Ichabod é um homem casado, com uma bruxa presa no
purgatório, mas é.