Coven é indubitavelmente o capitulo mais interessante de American Horror Story. Em cinco episódios, a série estabeleceu uma mitologia ricamente construída e certamente mais solida que a dos anos anteriores. Além é claro de contar com os elementos que costumeiramente caracterizam a produção como um horror bizarro e intenso.
Como ótimas personagens a temporada realmente estabeleceu uma premissa empolgante, contudo, ainda não pontuou uma linha principal. Indicando um determinado caminho até seu 4º episódio, a historia parece focar em uma trama distinta em “Burn, Witch. Burn!”, 5º episódio que nos faz colocar a série em perspectiva. E ainda que a aparente mudança de rumos não seja ruim (o roteiro é realmente instigante em alguns detalhes), o ultimo episódio deixa um gosto amargo.
Ver Marie Laveau se tornar uma coadjuvante é um tanto quanto decepcionante, a personagem parecia um inimigo interessante para o saturado clã de Fiona. Mas a série dá mesmo ênfase aos conflitos dentro do Coven e ao fazê-lo deixa pouco espaço para o desenvolvimento de tramas paralelas. Pouco vimos de Misty e Kyle nestes episódios, por exemplo. O roteiro ainda possui certa fragilidade, não consegue equilibra o tempo de cada personagem em tela, e cenas como as de Fiona perambulando pelo hospital (que mais parece uma instituição abandonada ou o cenário de Asylum) além de inverossímeis, são desnecessárias, visto que a fragilidade da personagem já havia sido mostrada em cenas anteriores e no fim, parece apenas mais um pretexto para mostrar o talento de Jessica Lange.
E como todas as cartas na mão, tudo o que precisamos é mesmo de equilíbrio. Talvez a série consiga a partir daqui, já que as tramas começam a colidir, mas se continuar dando demasiado destaque a Jessica e desperdiçar talentos como está fazendo com Angela Bassett e Lily Rabe, teremos uma temporada mal executada.
Em relação a trama, é empolgante pensar na possível revolta do clã contra Fiona, que disfarça seu egocentrismo com discursos de que suas atitudes são para o bem do Coven. Mas tudo indica que sua liderança começara a ser questionada a medida que as moças da academia começam a desenvolver novas habilidades, o que é claro, abre espaço para a especulação sobre quem será a nova suprema.
E com o tantas mudanças no horizonte, Cordelia Foxx certamente é a personagem que sofrerá as transformações mais drásticas, não só por estar cega, mas também porque poderá descobrir os segredos mais terríveis de Academia de Bruxas Miss Robichaux. Fica claro também que a jovem Zoe se destaca como uma oposição a Fiona, apesar de jovem a bruxa já demonstra incomodo com a política do conselho bruxo e da atual suprema.
Até o presente momento Coven trilha um caminho conhecido, muito do desenvolvimento dos personagens principais lembram um pouco do que foi feito nas temporadas anteriores, e certamente temos uma dose de clichê em qualquer produção televisiva, contudo, é uma pena que isso esteja sendo feito enquanto personagens tão interessantes apareçam apenas quando é necessário uma divertida e grotesca cena envolvendo Zumbis, ou quando o roteiro quer resgatar um personagem prematuramente morto.
Sim, ainda é interessante ver American Horror Story e a série continua honrando a sua proposta, mas depois destes dois episódios, é impossível não se sentir aliviado com a aposentadoria de Jessica Lange após fim da 4ª temporada (e talvez ela deva levar Sarah Paulson também).