A pestilência faz uma visita a Sleepy Hollow.
Alerta de Spoilers!
Não julgo que esse quinto
episódio de Sleepy Hollow tenha sido tão bom quanto os anteriores. Mas também
não acho que tenha sido ruim. A pegada mais lenta serviu para mais uma vez
termos informações importantes quanto ao apocalipse, tudo isso mesclado com uma
boa dose de loucura. E vocês já sabem, antes da tempestade, vem à calmaria. E
se essa foi a ideia de calmaria que a série quis nos passar, eu já estou
ansioso pela tormenta.
Mesclar Roanoke com o
cavaleiro do apocalipse responsável pela pestilência foi muito legal e bem
pensado. A colônia de Roanoke realmente existiu e as pessoas sumiram sem
explicações (de verdade), gerando milhares de teorias malucas a respeito. Assim
como a explicação dada para todos os acontecimentos até agora, essa também foi
extremamente satisfatória. E sim, se você assistiu Supernatural, pode até
estar se lembrando de Croatoan, certo? Pois foi em Roanoke que a frase foi
encontrada talhada em uma árvore.
Na releitura da lenda de
Roanoke feita por Sleepy Hollow, o espírito de Virginia Dare (primeira criança
nascida na América inglesa), protegeu todos os habitantes da colônia depois que
o cavaleiro da pestilência trouxe a praga que os estava matando. Essa dimensão
isolada (ao melhor estilo Fringe), protegia o espírito dessas pessoas e evitava
que a peste fosse espalhada para o restante do mundo. E é isso o que eu mais
gosto em Sleepy Hollow, esse cuidado em levantar as questões e prontamente
respondê-las, mas não entregando diretamente todas as respostas, nos fazendo
pensar um pouco antes disso. Não tem coisa que eu mais odeio do que séries que
subestimam minha inteligência e ficam dando todas as respostas várias vezes.
Dessa forma, os sete anos de
tribulação abrem essa espécie de possibilidade para que brechas entre as
dimensões se separem, dando a oportunidade necessária para que Thomas chegue a
Sleepy Hollow. E melhor do que isso, a possibilidade de vermos Ichabod andando
sobre as águas, mesmo que tenha sido um caminho escondido.
Mas a série também começou a
dar umas dicas de romance, ou será que só eu vi isso? Tenho sempre a mania de
shippar casais e acabo vendo alguns onde não existem. Entretanto, a cena com
Abbie mostrando seu desespero ao ver Ichabod sendo levado a força pelos agentes
do CDC e depois sua fala de que ele pertence em Sleepy Hollow foi um forte
indicador dessa possibilidade. Mas eu gosto mais da bruxa Katrina do que da
Abbie, me perdoem. E foi bom ver a ruivinha novamente, estava com saudades
dela.
Conforme eu disse na review
passada, já vimos bastante do lado ruim das coisas na série. Já sabemos do
inferno, do capiroto e agora descobrimos o purgatório, onde Katrina está presa.
Em John Doe tivemos um vislumbre, ou só uma dica, de que o lado do bem também
tem seus momentos. Mesmo tendo sido apenas uma demonstração interna da fé que
Abbie está desenvolvendo, a cena na capela do hospital foi um sinal de que não,
essa não é uma série só de demônios.
Mas agora as coisas começam a
ficar mais perigosas. O capiroto não vai ficar quietinho no purgatório
desfilando sua forma física impecável e sua barriga zero enquanto Abbie e
Ichabod frustam todos os seus planos de conseguir trazer o fim dos tempos sobre
a humanidade. O esperado é que ele comece a tocar o terror em Sleepy
Hollow.
O agente Morales ainda não
subiu no meu conceito, tão pouco o Irving, que eu ainda acho que estão lá só
esperando o momento certo de realmente mostrarem as caras. Porém, eu até achei
legal fazerem dele o cético do grupo. Se por um lado eu agradeci quando
deixaram Ichabod e Abbie investigando as coisas sem interrupções, eu também
achei um pouco estranho que absolutamente ninguém (tirando no episódio piloto),
questionava a veracidade dos fatos de um homem que diz ser de 200 anos no
passado. Morales agiu de maneira correta, mas ainda não entendi por que eu não
consigo simpatizar com ele.
Já o caso do Irving é um
pouco extremo demais, é quase como se quisessem que nós suspeitássemos dele. O
cara demonstra uma fé enorme nos dois, tanto que ajudar a Abbie a sequestrar
dois pacientes que para todos os olhos, estavam com uma doença altamente
contagiosa, sustentado meramente na crença de que ela conseguiria resolver
tudo, levanta um milhão de bandeiras vermelhas e sinais de néon querendo nos
dizer que ele pode estar recebendo algumas informações privilegiadas. Só falta
descobrirmos de que lado.
Foi uma pena não termos a
presença de nenhuma criatura estranha nesse episódio, eu já estava esperando um
demônio aparecendo na série, e fiquei profundamente triste quando não vi
nenhum, só o cavaleiro, que mais parecia ter saído de um filme do Akira
Kurosawa. Mas tudo bem, o próximo episódio tem o John Noble e vamos concordar,
vai superar qualquer criatura que a série já tenha feito até agora.
Se eu tivesse então, que dar
uma nota para esse episódio, eu diria que essa é um singelo 7,5. O lance da
doença e do desespero foram legais, mas não chegaram a criar um sentimento de
medo ou antecipação, parecia que eu estava apenas esperando a resolução final e
a certeza de que tudo ficaria bem só aumentava. Faltou um pouco desse medo. Mesmo
assim, gostei muito do episódio, até mesmo dos momentos cômicos do Ichabod e o
instrumento mais dúbio do mundo, o plástico.
Ps. Abbie acabou de entrar no
grupo "Ichabod, troca esses trapos".
Ps². Próximo episódio tem a
volta do cavaleiro sem cabeça.
Ps³. Sleepy Hollow só volta
dia 4 de novembro. =(