Com dois episódios, Coven ainda não entregou nada realmente grande. O que deve ser o principal plot da temporada apenas começa a ser definido.
Com uma curiosa mudança de tom em relação as temporadas anteriores, há uma construção mais lenta do que deve ser cerne da historia, mas ainda não vimos fio que conduz e eventualmente unirá tramas aparentemente diversas.
Ainda que a busca Fiona pela imortalidade (e juventude) seja boba, ela promete abrir feridas antigas. Ao que tudo indica Marie Laveau (Angela Basset) não vai entregar seus segredos facilmente e apesar da guerra parecer evidente, o jogo ainda não parece estar claro, Zoe e suas companheiras podem fica do lado de Fiona, mas muito mais por medo do que uma aliança legitima. A bagunça ainda é maior quando adicionamos a excêntrica Misty Day (Lily Rabe) a equação, embora alheia aos conflitos que se formam, parece ser extremamente poderosa e pode fazer diferença no final.
Também vale ressaltar como é gratificante ver o cuidado com que o universo mitológico da série é construído. Enquanto na premiere conhecemos a superfície do mundo bruxo através dos olhos de Zoe, aqui acompanhamos as veteranas moverem as peças de um jogo mais sério e perigoso. Aprendemos sob perspectivas diferentes a riqueza de poderes e habilidades das moças, que se antes parecia pareciam mais com mutantes do universo Marvel, agora ganham contornos que se aproximam mais das entidades que habitam o imaginário popular.
E citando a crença popular, é curioso a série citar Tituba, a primeira bruxa de Salem a confessar a pratica de magia negra. Ao que tudo indica, a personagem pode aparecer na série, que já usa de personalidades históricas (Marie Laveau e Madame LaLaurie também foram figuras reais). Afinal de contas Tituba nunca foi condenada pela heresia.
O episódio teve algumas inconstâncias, dentre elas as deslocadas cenas de Queenie (Gabourey Sidibe) que só serviram para adicionar um elemento grotesco ao episódio que já possui a bizarra ressurreição de Kyle “Frankenstein” Spencer (Evan Peters). Além disso, Zoe esteve demasiadamente desinteressante neste episódio, e se na premiere sua ignorância era um interessante guia ao contexto da série aqui se mostra desnecessário.
E para afirmar ainda mais o clima enfadonho do episódio, a trama de Cordelia Foxx (Sarah Paulson) se evidencia como a mais inconstante, com a introdução (inesperada e artificial) de seu marido, sua tentativa de engravidar é o plot mais desinteressante até aqui. Posto isso, ainda que com um inicio ruim, parece claro que Foxx terá um crescimento considerável na temporada, embora inicialmente adote uma postura pacifica, sua personagem parece ter potencial.
Os pontos altos foram mesmo o encontro entre Fiona e Laveau, e as cenas envolvendo Misty, que com sua postura angelical, provou que é poderosa e agressiva quando necessário. Coven entregou um episódio mediano, mas é inegável que o que temos a frente é empolgante.